Verão por J.M: Coetzee
Um livro em um académico
procura desvendar, os anos em que o conhecido escritor e recentemente falecido
J.M. Coetzee viveu, depois de regressar dos Estados Unidos, com o seu Pai num subúrbio
da Cidade do Cabo na África do Sul. Fá-lo através de entrevistas a um pequeno
conjunto de pessoas, todas do sexo feminino com excepção de um outro académico,
que, segundo as notas deixada pelo próprio J.M. Coetzee, teriam sido
importantes para si nessa época.
O retrato que estes
entrevistados traçam não é lisonjeiro. Surge-nos um homem deslocado, pouco à
vontade em sociedade, distante, frio, incapaz de amar, introvertido e incompetente
para as coisas práticas da vida.
Como pano de fundo indefinido mas
terrivelmente presente temos a realidade do regime racista sul-africano, a
redoma em que se refugiavam os brancos, uma redoma dourada que defendiam com
extrema violência. Esta situação cria um fundo de permanente desconforto em
J.M. Coetzee se bem que este pouco ou nada faça para alterar a situação.
Interessante forma de
abordar uma autobiografia romanceada, um interessante final para a trilogia que
se iniciou com Boyhood seguida de Youth. Interessante também reflectir sobre a
imagem, muito pouco positiva e nem sempre factual, que o autor quer transmitir
de si próprio. Corresponderá a imagem interior que tem de si mesmo, será a
imagem que quer deixar nos outros ou a que não quer deixar. Muitas perguntas
sobre um livro que merece ser lido.
J.M. Coetzee está vivo
e contínua em actividade tendo publicado em 2014 um livro intitulado Três
Histórias. Foi Prémio Nobel da Literatura em 2003.
Sem comentários:
Enviar um comentário