sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O Sonho mais doce

O Sonho mais doce por Doris Lessing

 

Um longo e, por vezes, fastidioso panfleto anti-comunista destruidor de toda a esperança.


Doris Lessing vem dizer-nos que nem o comunismo que procura salvar a Humanidade mas negligência o ser humano concreto e próximo, nem o catolicismo que tenta ajudar a pessoa singular sem se preocupar com a forma como a sociedade de organiza conseguem melhorar a vida de quem quer que seja. Pelo contrário ao anunciar uma falsa esperança, promessa que não poderão cumprir, acrescentam mais uma dor na longa lista de sofrimentos dos povos: a desilusão.


Vendo que a sociedade actual gera a pobreza, a miséria, que abandona milhares de pessoas à fome, ao frio, à doença e as condena à morte, Doris não vê qualquer saída que não seja deixar tudo na mesma. Sempre foi assim, defende, os poderosos apropriam-se dos recursos e os fracos sofrem. Nada a fazer.


As personagens deste livro surgem-nos como meras caricaturas, meros estereótipos sem profundidade humana, simples representantes da ideia que a autora faz do que os faz representar. Johnny é um mentiroso, preguiçoso, um indivíduo que não paga a pensão de alimentos dos filhos, que não liga às sucessivas mulheres com que vive. Johnny representa neste romance o comunismo. Sílvia é uma mulher frígida, anoréctica, sem ambições pessoais, mas muito trabalhadora e dedicada aos outros. Sílvia representa o catolicismo. Tenta criar um hospital numa aldeia africana, mas nada consegue, muitos morrem e a aldeia desaparece. Quem reconhece o comunismo ou o catolicismo nestes personagens? Eu não com toda a certeza.


No fundo discordo da mensagem negativa da autora. Creio que é possível mudar o mundo para melhor e que é sempre preferível ter uma esperança, mesmo que esta não se concretize imediatamente e na totalidade, do que não ter qualquer esperança.

 

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