quarta-feira, 29 de março de 2017

Manuel de Prospective Strategique

Manuel de Prospective Strategique de Michel Godet

O futuro está em aberto ou resulta das ações do presente e do passado? Será possível antecipar o que virá a acontecer? Se sim, como o fazer e que atitude tomar face ao porvir?

Este excelente livro procura responder de forma, a um tempo, filosófica e prática a este conjunto de perguntas.

Segundo Godet podemos encarar o futuro de quatro formas: como a avestruz fatalista, esperando imóveis o que aí vem, como o bombeiro reativo que aguarda que o fogo se declare para o combater, como o sensato proactivo que se prepara para as eventualidades ou como o conspirador proactivo que age para que os tempos vindouro sejam o que deseja.

Infelizmente em Portugal Governo, entidades oficiais e empresas privadas agem muito de acordo com o perfil do bombeiro reativo ou do sensato proactivo e muito poucos entidades como o conspirador proactivo que quer moldar o futuro de acordo com os seus desejos e necessidades.

O futuro resulta simultaneamente das tendências do passado e das nossas ações no presente. Perceber essas tendências ajuda-nos a conceber os futuros possíveis e dentro destes a escolher os desejáveis e a agir para os concretizar.

sábado, 25 de março de 2017

Império



Império de Gore Vidal

Um romance histórico que, de forma plácida e escorreita, nos mostra os meandros da alta política norte-americana nos finais de oitocentos e na primeira década do século XX, a chamada Era Progressista. O domínio férreo das Quatrocentas Famílias, que detinham o poder económico, a corrupção descarada de congressistas e senadores, a emergência de um novo poder, o da imprensa escrita e do seu magnate William Randolph Hearst, o papel dos líderes partidários na angariação de fundos para as campanhas.

A obra centra-se em Jonh Hay, jovem secretário de Lincoln durante a Guerra Civil, e mais tarde poderoso Secretário de Estado de dois presidentes William McKinley (1897-1901), o Major, e de Theodore Roosevelt, e no seu círculo familiar.

Este ardiloso político defensor do expansionismo americano, promoveu a anexação de Cuba e das Filipinas, através de uma guerra com a Espanha, e que mais tarde patrocinou uma revolta artificial apoiada na Armada americana que levou à independência do Panamá, parte integrante da Colombia, para controlar o canal.

Gore Vidal espraia-se por múltiplos e variados temas da infelicidade, “frequentemente, uma das condições do inferno é não suspeitar da existência de uma alternativa para as nossas vidas”, a arte “uma espécie de Paraíso acessível a todos”, a amizade “ aquela relação humana que transcende a política e a guerra e, sim, mesmo o próprio amor

Mas também sobre o estilo de vida dos ricos americanos “Durante a juventude de Caroline nunca houvera menos de quarenta criados no château, enquanto duas aldeias da propriedade forneciam os braços para o trabalho do campo”, a política editorial dos jornais “praticamente nada do que o Sr. Hearst publica é verdade, inclusive a história de como os espanhóis fizeram explodir o Maine”.

E as ideias de Henry Brook Adams, de Charles Francis Adams Jr. e, principalmente as de Alfred Thayer Mahan o grande teorizador da estratégia geopolítica dos Estados Unidos como sucessor da potência marítima em declínio que era já o Reino Unido.

Esplendido livro, integrado numa saga que relata a ascensão imperial dos Estados Unidos.

sábado, 11 de março de 2017

Sem Tréguas



Sem Tréguas por Giovanni Pesce

A história de sacrifício e luta de um combatente antifascista italiano, primeiro integrado nas Brigadas Internacionais lutando na Guerra Civil Espanhola contra as tropas fascistas espanholas, alemãs e italianas, depois no seu país como membro da resistência.

Integrado no GAP, pequenas unidades que desenvolviam em condições de estrita clandestinidade e grande perigo ações armadas nas cidades ocupadas pelos alemães no Norte de Itália, Pesce liderou grupos de guerrilha urbana em Turim, Milão e outras cidades, que levaram a cabo numerosas acometidas de sabotagem a linhas de comboio, de ataque a colunas automóveis e de destruição de outros alvos.

Mas apesar de constituído por pequenos grupos de homens, os GAP sempre se articularam com o movimento mais geral de resistência civil e armada.

Este é um comovente livro de memórias de Guivanni Pesce e uma homenagem aos muitos gapistas mortos em ação e àqueles que foram presos, torturados e mortos pelos alemães ou pelas milícias fascistas de Mussolini.

Um livro imprescindível para perceber a História Italiana da II Guerra Mundial e do período que se lhe seguiu.