domingo, 7 de abril de 2024

Caminhada


 

Caminhada por Ovídio Martins

 

Poesia de amor e de combate, escrita em português e em cabo-verdiano. Respondendo à geração da Claridade, estes poemas cortam com a temática da evasão, criticam a enganosa escolha do caminho-longe e introduzem uma crítica social e uma consciência nacionalista.

 

No poema “anti evasão” recusa claramente a fuga e a emigração “Gritarei / Berrarei / Matarei / Não vou para Pasárgada” e em “flagelados do vento leste”, título que homenageia a célebre obra homónima de Manuel Lopes sobre as fomes em Cabo Verde, escreve “Morremos e ressuscitamos todos os anos /para desespero dos que nos impedem / a caminhada / Teimosamente continuamos de pé / num desafio aos deuses e aos homens / porque descobrimos a origem das coisas”.

 

Nos poemas em cabo-verdiano surge um grito “Hora tita tchegá / nhas gente / Hora d’alvantá / quel mon / de cendê / quel luz / de gritá / quel grito / que sô nôs sabe”.

 

Apesar desta edição da UCLA ser datada de 2015 não houve o cuidado de transcrever os poemas em língua cabo-verdiana para o alfabeto oficial dessa língua, o que torna difícil a sua leitura.

 

Ovídio Martins (1928-1999), cabo-verdiano, poeta, ensaísta, homem de cultura, lutador anti colonial, esteve preso no Aljube e em Caxias, exilado na Holanda, regressando ao seu país após a independência onde exerceu diversos cargos públicos.

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Poemas


 

Poemas de Viriato da Cruz

 

Seis poemas daquele que foi um dos grandes poetas do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola, uma geração de escritores e artistas que nos anos 50 do século XX se pronunciou contra o colonialismo e a favor da independência.

 

Viriato da Cruz introduz nos seus poemas palavras e expressões em quimbundo  , uma das línguas nacionais de Angola, recorre a temas populares, opta por um estilo ritmado e forte, o que levou a que vários dos seus poemas fossem musicados e cantados, foca-se em temas africanos próprios de uma sociedade sufocada pelo colonialismo.

 

O seu mais conhecido poema é Namoro, notabilizado na voz de Fausto, que celebra um amor operário, simples e sincero – “Mandei-lhe uma carta …”.

 

Contudo, o poema mais emblemático, mais combativo, mais erudito é “mamã negra” em que se fala da sorte dura dos Negros em África e nas Américas e se recordam grandes personalidades negras como Langston, Zumbi, Toussaint, e tantos outros – “nascendo alimárias / … / a enxada é o seu brinquedo / trabalho escravo – folguedo…”.

 

Viriato da Cruz (1928-1973), escritor angolano, fundador do Partido Comunista Angolano e do MPLA, perseguido pelo regime colonial-fascista, refugiou-se na China onde veio da morrer.