terça-feira, 28 de abril de 2009

O Coração das Trevas


“O horror. O horror” – Estas foram as últimas palavras do eficiente colonialista Kurtz que vivia no coração da floresta numa casa rodeada de estacas encimadas com cabeças humanas decepadas. E de facto é de horror e de trevas que versa esta história de marinheiros que nos conta o escritor polaco Jósef Konrad Korzenlowski, aliás Joseph Conrad.

Kurtz profere o discurso mais sincero e exaltante sobre o Amor e o Bem mas simultaneamente dá vida ao que de mais repugnante e abjecto pode nascer na sua alma. Torna-se um Deus, adorado pelo povo primitivo da selva, capaz de exercer na plenitude e em total liberdade a sua vontade. Para que o líder seja inteiramente livre é sempre necessário que os outros sejam completamente escravos. Os súbditos de Kurtz só podiam aproximar-se dele rastejando.

Uma excelente reflexão sobre o Bem e o Mal a Liberdade e a vontade. O horror entrevisto como um abismo escuro em que a vontade impera sem limites e o pior do ser se materializa.

Inspirou um filme de culto – Apocalypse Now de Francis Ford Coppola em que a mata e o rio africanos dão lugar à densa vegetação do sudoeste asiático e ao rio Nyung .

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Economia para todos




Um bom livro para conhecer ou relembrar os mecanismos básicos da economia que aqui são explicados em termos rigorosos mas simultaneamente de forma simples e acessível.

O livro centra-se em três conceitos chave: produto, moeda e expectativas. Com estas peças base o autor constrói todo o edifício da Economia.

Para David A. Moss a equação principal da economia é a que define o PIB, o Produto Interno Bruto e que é a seguinte:

PIB = Consumo + Investimento + Gastos Públicos + Exportações – Importações

A forma como cada país gere estas componentes do Produto define em larga medida o nível de vida dos seus cidadãos. Nos EUA por exemplo o Consumo representa 70% do PIB e o investimento 16,5%.

O livro é recomendado pelo Prémio Nobel da Economia de 1987 Robert Solow. Não é uma recomendação vã.

domingo, 12 de abril de 2009

Kafka on the shore



Kafka on the shore é um estranho mundo, povoado por seres irreais e onde o certo, o concreto, o sólido se entrelaça com o sonho, com a metáfora e mesmo com o absurdo. Onde a vida exterior, quotidiana se mistura de tal forma profundamente com a reflexão interior que acabam por se confundir, perdendo-se a noção de que lado se está.

Duas história que se tocam, por um momento, para logo seguirem os seus caminhos separados. A primeira, um percurso em linha recta, de um adolescente que foge para escapar a uma maldição e para se encontrar; a segunda, em circulo, de um homem que vive apenas com um pé neste mundo.




Podem ler-se comentários interessantes sobre este livro em:










terça-feira, 7 de abril de 2009

O Cachimbo de Marcos


O Subcomandante Marcos, figura mítica da rebelião dos indígenas mexicanos de Chiapas, é o ausente sempre presente nesta história da procura de um amigo desaparecido. A pequena aldeia de La Realidad o cenário. Uma excelente banda desenhada a preto e branco do basco Javier de Isusi.

Uma nota à parte. Os escritos do Subcomandante Marcos podem nunca ter sido traduzidos para português mas foram-no para inglês. Podem ser lidos em:

http://flag.blackened.net/revolt/mexico/marcos_index.html

domingo, 5 de abril de 2009

Money

Um livro sobre a vida de uma certa classe de endinheirados modernos, vivendo com um pé em cada lado do Atlântico, consumidos pelo dinheiro, encharcados em álcool e drogas, obsedados pela pornografia, incapazes de Amar.

A moral do dinheiro, e a consequente falta de ética humana, o turbilhão de experiências, o sonambulismo alcoólico, acabam por levar o personagem principal à ruína material que, só o podemos entrever, será uma possibilidade de redenção novamente falhada quando o dinheiro vier de novo bater-lhe à porta.

Self, o personagem, mostra por vezes um bom fundo a que não sabe juntar a acção adequada, sucumbindo sempre, de forma consciente e torturada de quem sabe agir mal mas ser incapaz de se controlar, à tentação mais imediata, ao prazer mais abjecto.

A dicotomia Amor/Pornografia surge muito nítida quando Self que ama Martina tem ataque de impotência quando está com ela. Como em tudo o resto, ao ceder à tentação Self condena ao fracasso a única relação que o poderia salvar.

Mas a reflexão central do livro é sobre o dinheiro e a felicidade. A vida de Self é uma demonstração clara que o dinheiro pode proporcionar uma felicidade em termos de acesso aos bens de consumo e às pessoas a que o personagem dá importância – o seu magnifico carro, a bebida e a comida abundantes, as viagens, a pornografia, as suas sucessivas amantes - mas acabam por o destruir sob os seus próprios olhos abertos.