sábado, 25 de março de 2017

Império



Império de Gore Vidal

Um romance histórico que, de forma plácida e escorreita, nos mostra os meandros da alta política norte-americana nos finais de oitocentos e na primeira década do século XX, a chamada Era Progressista. O domínio férreo das Quatrocentas Famílias, que detinham o poder económico, a corrupção descarada de congressistas e senadores, a emergência de um novo poder, o da imprensa escrita e do seu magnate William Randolph Hearst, o papel dos líderes partidários na angariação de fundos para as campanhas.

A obra centra-se em Jonh Hay, jovem secretário de Lincoln durante a Guerra Civil, e mais tarde poderoso Secretário de Estado de dois presidentes William McKinley (1897-1901), o Major, e de Theodore Roosevelt, e no seu círculo familiar.

Este ardiloso político defensor do expansionismo americano, promoveu a anexação de Cuba e das Filipinas, através de uma guerra com a Espanha, e que mais tarde patrocinou uma revolta artificial apoiada na Armada americana que levou à independência do Panamá, parte integrante da Colombia, para controlar o canal.

Gore Vidal espraia-se por múltiplos e variados temas da infelicidade, “frequentemente, uma das condições do inferno é não suspeitar da existência de uma alternativa para as nossas vidas”, a arte “uma espécie de Paraíso acessível a todos”, a amizade “ aquela relação humana que transcende a política e a guerra e, sim, mesmo o próprio amor

Mas também sobre o estilo de vida dos ricos americanos “Durante a juventude de Caroline nunca houvera menos de quarenta criados no château, enquanto duas aldeias da propriedade forneciam os braços para o trabalho do campo”, a política editorial dos jornais “praticamente nada do que o Sr. Hearst publica é verdade, inclusive a história de como os espanhóis fizeram explodir o Maine”.

E as ideias de Henry Brook Adams, de Charles Francis Adams Jr. e, principalmente as de Alfred Thayer Mahan o grande teorizador da estratégia geopolítica dos Estados Unidos como sucessor da potência marítima em declínio que era já o Reino Unido.

Esplendido livro, integrado numa saga que relata a ascensão imperial dos Estados Unidos.

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