sábado, 2 de julho de 2016

Contra a Eutanásia



Contra a Eutanásia por Lucien Israel

Uma longa entrevista ao médico oncologista francês Lucien Israel versando múltiplos aspetos da medicina, na relação médico-doente e da relação da sociedade com a doença e com a morte.

Lucien Israel é um agnóstico, não é crente de nenhuma religião nem ateu, deixando claro que as suas opiniões, como no fundo todas, relevam “da reflexão e da sabedoria” apoiadas na ciência.

Israel defende que o médico não deve estar “nem ao serviço da ciência nem ao serviço da comunidade: o médico está ao serviço do seu paciente. É tudo. E o paciente tem todo direito de receber o tratamento adequado. Obviamente, a ciência é fundamental para a medicina, mas continua a ser uma prática separada”. Não estar ao serviço da ciência significa não sacrificar o doente à experiência científica, não o tornar numa mera cobaia, não estar ao serviço da comunidade significa nunca sacrificar o doente a imposições externas que imponham o fim do tratamento por razões económicas.

Este médico defende que é sempre importante prolongar a vida do paciente, principalmente hoje em que, mais do que nunca, a ciência avança rapidamente “É possível que alguém a quem hoje “se concedem” seis meses de vida, possa beneficiar, ao cabo de quatro ou cinco meses, de um tratamento que lhe dará quatro anos e que, depois, dentro de três anos, de outro tratamento que lhe dará mais dez. Enquanto há vida há esperança”.

Argumenta contra a eutanásia desmontando os argumentos dos defensores desta forma de assassinato afirmando que é sempre possível eliminar a dor nos doentes e manter a sua dignidade. Aliás a condição de doente ou de idoso não é indigna mas sim profundamente humana. Os sãos e os jovens é que classificam de indigna a situação dos outros.

Preocupante são as pressões económicas e pessoais da família, do pessoal médico e da sociedade sobre o doente para que peça a eutanásia. A situação em alguns países é tão forte que os reformados procuram proteção noutros países que não pratiquem a eutanásia e em que possam ter confiança nos médicos – “Não é por acaso que muitos anciãos holandeses se estabelecem em França: esperam que aqui não sejam mortos tão facilmente. Um paciente perde rapidamente a esperança; bastará dizer-lhe que já não há mais nada a fazer e pronto”.

Uma frase final “Bastará pensar naquele médico holandês, particularmente determinado a servir o próximo, que efetuava seis eutanásias por dia! Como poderei pensar que exerço a mesma profissão que ele?”. Tem razão, ele é médico o outro um …

Um livro indispensável para quem quer ter opinião sobre este tema.

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