Como se reergue um Estado por Salazar
Uma obra assinada por
Salazar mas escrita a várias mãos com os seus colaboradores, publicada em língua
francesa em 1937 pela Flammarion em Paris, regressa aos escaparates nesta época
de crise.
A Flammarion era então
uma editora próxima da Action Française um grupo de extrema-direita, fundado
por Maurice Pujo mas que ganhou consistência e influência depois da I Grande
Guerra sob a liderança de Charles Maurras. A Action Française foi um dos grupos
que, depois da derrota da França pela Alemanha, apoiou o Estado colaboracionista
de Vichy do marechal Petain aliado de Hitler. Percebe-se assim o interesse
deste grupo em divulgar as ideias de Salazar.
No livro Salazar faz
uma critica bem estruturada ao regime da I Republica que não conseguiu
encontrar ao longo dos 16 anos de poder um rumo para o país, agravando as
desigualdades e a dependência externa. Mas o que têm Salazar para contrapor às
políticas da I República? Um programa anti-democrático (“somos anti-parlamentares, antidemocratas, antiliberais e queremos
construir um Estado Corporativo”, “não
discutimos Deus… não discutimos a Pátria, …não discutimos a autoridade, não
discutimos a família, … não discutimos o trabalho”), um programa capitalista
corporativista (“A família exige, por si,
duas outras instituições – a propriedade privada e a herança”), um programa
ultra conservador (“O trabalho da mulher
fora do lar desagrega este…”), anti-comunista apesar de conhecer a obra da
URSS (“Não tenho, de forma alguma, a
intenção de negar as obras do Estado Soviético, grandes fábricas ou vastas
construções”).
Salazar declara aqui que
o Estado Novo não é fascista nem
nacional-socialista uma vez que não é totalitário como estes. Naturalmente
dirigindo-se a franceses em vésperas de uma guerra com a Alemanha Salazar evita
assim alinhar-se pela Alemanha.
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