segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

o remorso de baltazar serapião


o remorso de baltazar serapião por valter hugo mãe
O homem animalesco, sem comando sobre a sua natureza, sem força de vontade, sem chispa de moral, o homem hobbesiano, só egoísmo, só desejo, só bestialidade, só agressividade, só medo, só superstição, personificação simultânea da maldade e da cobardia nunca existiu - leiam-se os antropólogos, estude-se História, visite-se o mundo. Não pode ser, pois, o retracto do servo medieval nem, muito menos, da sociedade portuguesa da época. Baltasar Serapião nunca existiu – a não ser no sentido que Gustave Flaubert deu à sua famosa frase “Emma Bovary c´est moi”.

O livro é uma longa descrição acéfala, acrílica e misógina, escrita na primeira pessoa, de crueldades recebidas e infligidas, de deboche, de bestialismo, de superstição, de traição e de assassínio. Sem uma reflexão, sem um contexto, sem nada ... porque simplesmente o mundo é/era supostamente assim.

Que qualifica este livro para Prémio Literário? O facto de omitir a letra grande? Depois de tanto e tão interessante experimentalismo com o grafismo e a com a gramática na Literatura essa seria diminuta razão. O facto de não haver melhor?

Por vezes ao atribuir um prémio a obra menor ou sem valor arruina-se o próprio galardão e desprestigiam-se os jurados que o decidiram. É, infelizmente, o caso. valter hugo mãe não o merecia.


A maldição dos Trinta Denários – tomo 2


A maldição dos Trinta Denários – tomo 2 por Jean van Hamme e Antoine Aubin

Judas traiu Jesus por trinta moedas. Eram essas moedas denários como alguns defendem ou siclos como outros mantêm? Algures na Grécia um jovem pastor acaba de resolver o mistério ao encontrar um antigo refúgio de cristãos contemporâneos de Judas. Mas onde está Judas enterrado com as restantes moedas? Será verdade que estas conferem um poder sobrenatural?


Segunda parte (a primeira parte foi publicada faz este mês precisamente um ano) desta saga que está muito longe das aventuras de Black e Mortimer assinadas por Edgar P. Jacobs. Algumas soluções à Indiana Jones estão velhas e gastas.

Blake e Mortimer são aqui descaracterizados e actualizados. Uma mulher como co-heroína seria impensável. Que Mortimer a corteje ainda mais.

Quando morre o criador de banda desenhada devia ser proibido que outros continuem a publicar histórias com os seus heróis.