
Social Capital por John Field
Um resumo sério e muito completo do conceito de capital social. John Field é um académico mas o livro é acessível a leigos.
Altamente recomendável.
Sou um leitor atípico, plural, não sistemático, intercalar e variado, mas sempre apaixonado e entusiasmado pelas ideias, pelas emoções, pelas revelações que encontramos nas páginas bem escritas. Este blogue é um simples diário, iniciado em 2009, das minhas leituras.
Unamuno era um profundo conhecedor de Portugal, da língua e da literatura portuguesa e dos seus mais destacados intelectuais. Foi amigo e correspondente de figuras como Guerra Junqueiro e Teixeira de Pascoaes entre outros.
Do seu posto de reitor da Universidade de Salamanca procurou em várias intervenções académicas e jornalísticas levar o conhecimento dos autores portugueses ao público espanhol.
A visão que desenvolveu dos escritores e intelectuais portugueses levou-o a escrever que: “Os poetas portugueses são geralmente pouco eruditos, mesmo em matéria de letras. As suas leituras não são muitas nem muito variadas e a sua cultura é muito mais vernácula do que eles próprios crêem” (pp. 33).
Este é um livro que mostra as elites intelectuais portuguesas e o seu pensamento vistos pelos olhos de quem os conhecia bem.
Este é um livro complexo, denso, extenso.
Num primeiro momento diremos que versa os amores impossíveis. E estes são vários: o de Julie Vairon, a bela e culta mulata da Martinica enamorada sucessivamente de dois nobres franceses, o do aristocrata inglês por Julie já morta e enterrada noutro século e noutro lugar, os de Sarah por membros da companhia de teatro que dirige e finalmente o de Andrew um actor texano por Sarah. Mas também o amor conjugal e filial falhado do irmão de Sarah. E o de Susan, a actriz que personifica Julie e Stephan. Muitos amores infelizes. Cada um à sua maneira.
Por isso numa segunda aproximação diremos estarmos na presença de um longo e minucioso catálogo dos obstáculos que tornam a felicidade impossível. Entre Julie e os seus amantes ergue-se, intransponível, a barreira da classe e do racismo, entre Stephan e Julie interpõe-se a morte, que transforma este amor numa impossibilidade absoluta, entre Sarah e Bill e Henry existe a diferença de idades, esse terrível preconceito social e o amor de Andrew por Sarah não é correspondido. Obstáculos insuperáveis, monstruosos que acabam por destruir os amantes menos avisados.
A cada obstáculo corresponde o seu desenlace natural: Stephan acaba por se juntar à sua amada, suicidando-se, Henry refugia-se no amor paternal, Andrew, americano pragmático, regressa a casa e casa-se com a consciência que será infeliz, Hall, o irmão de Sarah, vê a mulher abandoná-lo.
Muitos nos dizem que o segredo de envelhecer bem está na capacidade de manter o espírito jovem e ocupado com assuntos interessantes. O caso de Sarah mostra-nos exactamente o oposto. Mostra-nos a prisão que a nossa idade pode ser, as restrições que impõe, as limitações sociais que acarreta. O espírito, jovem e livre, sente e vive o amor, as suas doçuras e as suas agruras, mas a idade, e os preconceitos sociais a ela associados, impede a felicidade.
Bartleby por Herman Melville
O estranho comportamento de Bartleby o novo escrivão do escritório de advocacia é surpreendente. Primeiro recusa-se a conferir os documentos e depois, pouco a pouco, todo e qualquer trabalho. Vemos a solidão e o abandono crescer em torno de Bartleby enquanto o seu comportamento se torna cada vez mais passivo. Dorme e come no escritório que se recusa a abandonar e, no final, tem de ser o escritório a mudar-se para se ver livre dele.
O absurdo, a doença mental, o mistério do comportamento humano - “Ah, Bartleby! Ah, humanidade!” - num pequeno conto do autor de Moby Dick.
O conto foi já transcrito para o cinema várias vezes e tem dado origem a múltiplas e variadas interpretações.