segunda-feira, 16 de abril de 2012

As Confissões de Félix Krull

As Confissões de Félix Krull de Thomas Mann


Pode alguém ser quem não é?
Sergio Godinho



Um livro sobre a aparência e essência. Uma ilustração crítica do ditado “hábito faz o monge”.

O jovem Félix cedo demonstra dotes de camaleão, quer posando para o padrinho pintor, quer disfarçando-se de príncipe em casa, quer assumindo um alter ego para a fotografia na praia. Mas o mais espantoso é que, como o animal que por ato de vontade muda de cor, consegue sentir e exteriorizar os sintomas de doenças, de que lhe dá jeito padecer, seja para faltar à escola, seja para evitar o serviço militar obrigatório.

Ingressa como criado ao serviço de um hotel em Paris, mas cedo assume uma vida dupla, que depois assume na plenitude. As suas aventuras conduzem-no a Lisboa, onde conhece uma jovem por quem se interessa.

O livro é narrado na primeira pessoa pelo jovem Félix e o tom pomposo, pretencioso, picaro, mostra-nos que por trás das aparências se esconde um personalidade observadora, mas mesquinha e torpe, que mesmo quando se confessa mente e se esquiva.

Os erros sobre a configuração da cidade, as imprecisões sobre os costumes, a descrição da tourada nada tem a ver com uma corrida à portuguesa que se pudesse ver no Campo Pequeno, os lamentáveis comentários racistas sobre os portugueses, mostram que se trata de um livro inacabado em que o autor teria ainda muito para trabalhar.

Sem comentários:

Enviar um comentário