quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O Retorno

O Retorno por Dulce Maria Cardoso

Um jovem cresce no tumulto traumático da descolonização angolana. O choque da rejeição pela população africana, o choque da integração num país, Portugal, que não conhece, o choque de uma nova escola e de viver num hotel de 5 estrelas rapidamente convertido numa pocilga pelos seus ocupantes.

O principal personagem, o jovem Rui, sob o ponto de vista do qual o romance se desenrola, não tem consistência nem credibilidade, abundando as situações e reflexões impossíveis para um jovem da sua idade, extração e experiência.

Essa inconsistência é também dada por lacunas evidentes e profundas no tempo e no espaço. A mais importante e a mais extraordinária é a ausência da guerra colonial das preocupações e das reflexões do rapaz – que via aproximar-se a passos largos a idade de incorporação e que tinha um tio na tropa. Ora nessa altura o que mais preocupava todos os adolescentes era exatamente a perspetiva de alistamento.

O colonialismo e o racismo estão também largamente afastados da história, tornando-se difícil para a personagem perceber o que lhe está a acontecer e porquê. Ora isso, mesmo numa escrita ficcionada, soa totalmente a falso.

Um livro repleto dos estereótipos, cheio de lugares comuns, sem profundidade nem densidade. 

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