quinta-feira, 2 de maio de 2013

Gente Pobre

Gente Pobre por Fiódor Dostoiévski


Gente Pobre foi a primeira novela de Dostoiévski e um grande sucesso editorial. Considerado um dos primeiros romances sociais russos a história exibe claros contornos naturalistas mesclados com uma sátira mordaz. OS pobres aqui retratados são, de facto, a classe média baixa do funcionalismo público do czarismo novecentista que vive de uma forma muito contida, sempre a beira da completa miséria. Qualquer despesa extra, umas simples solas nas botas, um capote roto que tem de ser substituído, e as finanças pessoais desequilibram-se e a fome e o frio aliam-se para desferir o golpe de misericórdia fatal.
 
Escrita na forma de uma troca de correspondência entre um funcionário público de meia-idade e uma jovem sua prima e vizinha, a novela desvenda-nos as dificuldades materiais dos personagens mas acima de tudo a sua psicologia, os seus medos e esperanças. A valorização do aprumo acaba por traduzir-se em vergonha pela roupa coçada e sem botões, a importância atribuída ao esmero no trabalho esvai-se no erro grosseiro, o gosto pela vida intelectual é inquinada pela troça literato.

Sempre com uma aguda e dolorosa consciência destes factos, que descreve de forma satírica, ridicularizando-se, o personagem, masculino desequilibra-se na vida, vê aproximar-se a desgraça, balanceia entre a recuperação e a miséria e salva-se, como tanta gente pobre, graças ao acaso de uma esmola do chefe e ao casamento da prima com um homem abastado.

Sem comentários:

Enviar um comentário