sábado, 5 de dezembro de 2015

Se isto é um Homem

Se isto é um Homem de Primo Levi

Um livro escrito, logo após a sua libertação do campo de concentração (Lager) de Buna, integrante do complexo de Auschwitz e Birkenau, pelo Exercito Vermelho e o consequente regresso a sua casa em Turim, na Itália, a quente, com as memórias frescas, com o horror bem presente, com os olhos ainda molhados pelos amigos, compatriotas e judeus de outras nacionalidades barbaramente mortos pelos alemães nos campos de extermínio.

Preso na Itália, Primo Levy conta-nos como foi deportado para o campo da morte onde logo à chegada a maioria foi assassinada pelos alemães (“sabemos que nos campos, respectivamente de Buna-Monowitz e Birkenau, só entraram, do nosso comboio, noventa e seis homens e vinte e nove mulheres e que todos os outros, num total de quinhentos, nem um se encontrava vivo dois dias depois”).

A forma iníqua como os alemães conseguiram, através da descaracterização pessoal, da marcação com números eliminando nomes, da fome, do frio (“Da mesma forma com que se vê acabar uma esperança, assim hoje de manhã chegou o Inverno” “Significa que, ao longo destes meses, entre Outubro e Abril, em cada dez de nós, sete irão morrer”), do excesso de trabalho, dos castigos corporais constantes, das selecções frequentes para as câmaras de gás, desumanizar os presos nos campos de concentração e morte e levá-los a uma existência centrada na simples luta pela sobrevivência muitas vezes sem qualquer esperança (“Sabem como se diz «nunca» na gíria do campo? «Morgen Fruh», amanhã de manhã”).

Mas mesmo nestas condições extremas pôde florescer a amizade, a resistência e a entreajuda entre as pessoas.

Um dos melhores livros do século XX.


Sem comentários:

Enviar um comentário