Se
isto é um Homem de Primo Levi
Um livro escrito, logo após a sua libertação
do campo de concentração (Lager) de Buna, integrante do complexo de Auschwitz e
Birkenau, pelo Exercito Vermelho e o consequente regresso a sua casa em Turim,
na Itália, a quente, com as memórias frescas, com o horror bem presente, com os
olhos ainda molhados pelos amigos, compatriotas e judeus de outras
nacionalidades barbaramente mortos pelos alemães nos campos de extermínio.
Preso na Itália, Primo Levy conta-nos como
foi deportado para o campo da morte onde logo à chegada a maioria foi
assassinada pelos alemães (“sabemos que
nos campos, respectivamente de Buna-Monowitz e Birkenau, só entraram, do nosso
comboio, noventa e seis homens e vinte e nove mulheres e que todos os outros,
num total de quinhentos, nem um se encontrava vivo dois dias depois”).
A forma iníqua como os alemães conseguiram,
através da descaracterização pessoal, da marcação com números eliminando nomes,
da fome, do frio (“Da mesma forma com que
se vê acabar uma esperança, assim hoje de manhã chegou o Inverno” “Significa que, ao longo destes meses, entre
Outubro e Abril, em cada dez de nós, sete irão morrer”), do excesso de
trabalho, dos castigos corporais constantes, das selecções frequentes para as câmaras
de gás, desumanizar os presos nos campos de concentração e morte e levá-los a
uma existência centrada na simples luta pela sobrevivência muitas vezes sem
qualquer esperança (“Sabem como se diz
«nunca» na gíria do campo? «Morgen Fruh», amanhã de manhã”).
Mas mesmo nestas condições extremas pôde
florescer a amizade, a resistência e a entreajuda entre as pessoas.
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