Noites Brancas de Fiódor Dostoiévski
A descrição minuciosa, profunda, exemplificada de um tipo humano, de uma personalidade, um carácter. O sonhador, o introvertido, analisado, aberto, dissecado, exposto, de forma crua mas sensível, de maneira simultaneamente detalhada e panorâmica.
Vidas que brilham por um breve momento logo caindo na penumbra sem coragem, nem alento de voltar à luz do dia, de arriscar, de se expor, de manifestar os seus sonhos, vivendo de fantasias interiores que os anos desfazem e deixam o amargor dos anseios não realizados e inúteis.
Quatro noites, uma breve relação fugaz, exaltada, platónica mas intensa de sentimentos, de lágrimas e de esperanças, cujo enlevo e memória chegam para preencher “toda a vida de um homem”. A constância e arrebatamento do personagem, a inconstância e fluidez da jovem formam um contraste intrigante.
Fiódor Dostoiévski (1821-1881), escritor russo. Por conspirar contra a tirania do Czar foi preso, condenado à morte, pena depois comutada em prisão e trabalhos forçados na Sibéria. Converteu-se e acabou mesmo por ser tutor dos filhos do Czar Alexandre II. As suas obras são clássicos da Literatura russa do século XIX – obras-primas como os Irmãos Karamazov, O Idiota, Crime e Castigo, Gente Pobre, são marcos maiores do seu percurso literário.