sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Lisboa Africana

Lisboa Africana de Sérgio Luís Carvalho

 

Um livro subtilmente racista que procura normalizar a escravização, a segregação, a discriminação e a violência sobre pessoas Negras. Sempre recorrendo a uma abordagem ambivalente, parece criticar mas apresenta sistematicamente atenuantes e desculpas para as condutas mais criminosas.

 

Chega a defender a inumana prática da escravatura do ser humano, uma prática que transforma a pessoa em objeto com os próprios argumentos dos traficantes sobre os quais afirma despudoradamente “Não é incompreensível”. Também justifica o preconceito racista expresso por Gil Vicente.

  

Por outro lado a sua discrição da Lisboa africana tem grandes hiatos parecendo que se extinguiram os Negros durante largos períodos. E que estes quando existiam eram um enxertia externa e exótica na paisagem urbana. A realidade, contudo, foi muito diversa e Lisboa é conhecida há muitos séculos como a cidade xadrez pela sua diversidade étnica, cultural e religiosa.

 

Sérgio Luís de Carvalho (1959), historiador, tinha obrigação de fazer melhor. Na verdade pouco ou nada se aprende de útil com este livro que reforça o preconceito e o racismo. Não vale a leitura.


 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

A Morte de Ivan Ilitch

                                                    

                                    A morte de Ivan Ilitch de Tolstoi

 

Um homem morre no final de um longo período de intenso sofrimento físico e moral. Que sentimentos gera o seu desaparecimento nos que lhe são próximos, a mulher e os filhos, os colegas de trabalho, os criados de casa? Que pensamos da morte, da nossa da dos outros? Do sentido da vida? Como fazemos o balanço do nosso tempo neste mundo?

 

A doença, a esperança, o desespero, a dor física, o padecimento espiritual, a perceção do fim próximo, as recordações do passado, a luz ao fundo do túnel, o último suspiro.

 

Ivan Ilitch tinha tudo para ser feliz, uma carreira bem-sucedida, uma família burguesa, uma casa nova numa cidade de província aprazível, o respeito da sociedade e, no entanto …

 

Em poucas páginas mas com uma mestria inultrapassável Tolstoi desvenda-nos o mais profundo da alma humana perante a morte.

 

Lev Tolstoi (1828-1910), escritor russo, oriundo de uma família aristocrática. Figura maior da Literatura mundial. Entre as suas obras mais conhecida encontram-se Guerra e Paz e Anna Karenina.

sábado, 4 de janeiro de 2025

O Visitante da Noite e Outros Contos

 

O Visitante da Noite e Outros Contos de B. Traven

 

Onze pequenas narrativas que têm o México como pano de fundo e os índios como personagens omnipresentes.

 

Um mineiro mergulha Santo António num lago lodoso para o obrigar a encontrar o seu precioso relógio, Cipriano, o sacristão, desencadeia inadvertidamente um milagre de Nossa Senhora, um índio morto reclama os seus ornamentos, um artesão frusta um grande negócio, um pacto com o Esqueleto ceifador, uns binóculos providenciais, um cão orgulhoso, bombas em série, uma escolha desajeitada, eis alguns dos motivos destas histórias.

 

A brutalidade das guerras civis, a opressão dos povos nativos, o esplendor das civilizações índias, a exploração dos trabalhadores, o imaginário popular, perpassam como pano de fundo destas histórias de cariz profundamente humano.

 

Alguns contos recriam atmosferas oníricas e febris próprias do realismo mágico, outros relatam episódios verosímeis, talvez mesmo autobiográficos, todos refletem a sociedade latino-americana com as suas idiossincrasias e peculiaridades.

 

B. Traven, autor misterioso, cuja identidade foi desconhecida durante anos, parece ter sido o pseudónimo literário de Ret Marut, um revolucionário alemão que se viu obrigado a fugir para o México. Certezas ainda não as há.