quinta-feira, 23 de julho de 2015

Manuscritos Económico-Filosóficos de 1844

Manuscritos Económico-Filosóficos de 1844 de Karl Marx

O jovem Marx reflecte sobre importantes questões económicas e filosóficas, analisando os economistas clássicos, como Adam Smith, Ricardo e outros, e os filósofos alemães como Hegel e Feuerbach, descobrindo e expondo as suas limitações e propondo uma visão alternativa, uma sociedade em que o Ser Humano não seja alienado da sua própria natureza.

Escrito em jeito de notas, com extensas citações dos autores analisados, sente-se que estes manuscritos são parte do trabalho intelectual de Karl Marx mas ainda não na sua fase final e completa. Trata-se pois de um dos primeiros passos de Marx rumo a sua visão do mundo, no caminho que o levou a desenvolver uma nova filosofia o materialismo dialéctico.

Temas como o salário, o capital, a alienação, a propriedade privada, o comunismo, surgem já como conceitos chaves no pensamento do jovem Karl Marx.

Marx reclama já, neste manuscrito, a extinção da propriedade privada como forma de libertação do Ser Humano. “ A supressão positiva da propriedade privada como apropriação da vida humana é, por isso a supressão de toda a alienação, portanto o regresso do homem, a partir da religião, família, Estado, etc., à sua existência humana, i.e. social.”

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Pássaros na boca



Pássaros na Boca de Samanta Schweblin

Uma colecção de dezoito contos curtos, estranhos e, muitas vezes, de final surpreendente mas de qualidade muito irregular.

Entre os melhores “A pesada mala de Benavides” em que arte, crime e violência se fundem e só se separam na mente dos vários intervenientes, “Sonho de revolução” passado num bar à hora do fecho mas que descreve como funciona um processo de contra-revolução, “A medida das Coisas” sobre como gerir uma loja de brinquedos com paixão.

A par com estes excelentes contos convivem outros que parecem inacabados como arcos a que falta a aduela. Contos em que o cenário é relatado com perícia, a situação e as personagens anunciadas mas em que, depois, nada se passa, nada acontece e em que se fica pela descrição de uma situação e, nessa medida, se afastam do paradigma do conto que exige uma história, um enredo. Contudo não seguir o cânone do conto não é crime e não deixa de ser uma bela Literatura.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Contos



Contos de Daphne du Maurier

Um excelente conjunto de cinco contos da escritora inglesa, Dama do Império Britânico, que se celebrizou com o romance "Rabeca", considerado a sua obra-prima, um livro em que plagiou o livro "A Sucessora" da autora brasileira Carolina Nabuco.  

Destes contos destaque para “Os Pássaros” o conto que inspirou Alfred Hitchcock para a realização do filme com o mesmo nome. Gostei particularmente de “Não Olhes Agora” em conto, passado em Veneza, em que o crime e o sobrenatural se misturam e em que o cepticismo é castigado.

“O Velho” tem um final surpreendente que lembra um conto de Horace Walpole e “As Cartas Dele Tornaram-se mais frias” relata-nos, através da correspondência trocada, a evolução de um caso amoroso entre o dono de uma plantação na Índia de visita à Inglaterra e a irmã do seu melhor amigo.

Por último em “Um Caso Limite” temos a história de uma jovem que inadvertidamente descobre com horror a sua verdadeira árvore genealógica.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

O Parlamento Português




O Parlamento Português por Jorge Fernandes

Um pequeno guia comparativo da Assembleia da República com os principais parlamentos europeus.

As eleições, a estrutura do voto, o método de transformação de votos em mandatos, o número de deputados, os gastos por deputados, a organização interna, os debates, a participação cidadã através de petições e requerimentos, a perda de poderes da AR em favor das estruturas da União Europeia, são temas aqui analisados de forma sucinta.

Em conclusão pode dizer-se que o parlamento português é caro, com um custo por deputado acima da média europeia, e ineficiente, na medida em que não dispõe dos meios técnicos, nomeadamente técnicos especializados, necessários ao acompanhamento da legislação que produz, da que vem do governo e principalmente da que tem como fonte a União Europeia.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Pour les musulmans



Pour les musulmans de Edwy Plenel




O título pode ser traduzido como Pelos Muçulmanos ou A Favor dos Muçulmanos e é uma réplica intencional do livro de Émile Zola Pelos Judeus que o célebre autor escreveu contra o anti-semitismo que grassava na sociedade francesa de finais do século XIX e que lhe valeu uma condenação a pena de prisão. O anti-semitismo francês acabou por desaguar na tragédia da exterminação dos judeus levada a cabo pelo governo do General Petain durante a II Guerra Mundial.

Hoje os muçulmanos franceses ocupam o lugar dos judeus como bode expiatório dos falhanços da sociedade francesa. Este livro é uma denúncia dos métodos de estigmatização da comunidade muçulmana, da tentativa de amalgamar terrorismo com fé muçulmana e esta com imigração ilegal e com a etnia árabe e magrebina, quando na verdade todos somos diferentes qualquer que seja a nossa religião e quando a grande maioria dos muçulmanos residentes em França são de nacionalidade francesa e não são terroristas. Seria como dizer que todos os cristãos são assassinos de mulheres porque um cristão matou a sua companheira como tanto acontece em Portugal.

Denúncia também a tentativa do Governo francês de querer retirar a nacionalidade francesa a algumas pessoas o que criaria dois tipos de cidadãos os de primeira com direito, independentemente dos crimes que cometa, a ser sempre francês e os de segunda a quem poderia ser retirada a qualquer momento a nacionalidade.  

Um aspecto importante neste cerco mediático e neste ataque racista aos muçulmanos é a perseguição aos seus símbolos religiosos em nome do Estado laico pervertendo a essência do laicismo que é a liberdade de culto, a igualdade das religiões e a sua separação do Estado.

Um excelente texto em defesa da liberdade e contra a diabolização de grupos extensos da população francesa com base em generalizações mentirosas e preconceitos inaceitáveis.