Um romance com fundo histórico que vagueia entre os três continentes ligados pela infame economia transatlântica construída sobre o tráfego de pessoas escravizadas. No centro deste triângulo um homem singular Siríaco e uma ilha especial, Santiago no arquipélago de Cabo Verde.
Duas personagens muito diversas que se encontram brevemente mas que causam impressão mútua duradoira: Siríaco e Charles Darwin. A passagem do Beagle, navio em que viajou o pai da teoria da evolução, por Cabo Verde está bem documentada e relatada com pormenor nos Diários publicados por Darwin. Siríaco por outro lado surge retratado em pintura, hoje exibida no Musée du Nouveau Monde sediado na cidade francesa de La Rochelle, da corte da rainha portuguesa Dona Maria I.
Um encontro improvável mas significativo do encontro de mundos, de culturas, de identidades. O pensamento científico, a crença em acontecimentos extraordinários, a assimilação temporária. O livro peca pela placidez em tempo de grande violência e ao descrever de forma benigna a escravização de pessoas não vendo a crueldade que lhe está inerente. Também as fomes em Cabo Verde que matavam milhares de pessoas ciclicamente surgem como inevitáveis e como destino e não como crime colonial.
Joaquim Arena (n. 1964) é um romancista cabo-verdiano.