sexta-feira, 28 de novembro de 2025

OPUS


 

OPUS de Gareth Gore

 

A Opus Dei é uma prelatura pessoal do Papa, fundada por Josemaria Escrivá de Balaguer em meados do século XX que adota um posicionamento do catolicismo conservador e tradicionalista. Recruta os seus membros entre os filhos das elites económicas, políticas e académicas e, através deles exerce uma influência relevante nas sociedades em que está implantada.

 

Este livro, que está a gerar muita polémica, apresenta uma faceta, para muitos, desconhecida da Obra. Uma abordagem centrada nos métodos de angariação de fundos e nas suas regras internas, vistas como abusivas.

 

A visão de Gareth tem sido formalmente desmentida pela Opus Dei que o acusa de se basear em “baseada em factos distorcidos, teorias da conspiração e mentiras descaradas” (https://opusdei.org/pt-pt/article/sobre-o-livro-opus-de-gareth-gore-publicado-recentemente-em-portugues-pelo-clube-do-autor/).

 

Como em todos os temas religiosos, carregados de crenças profundas, dogmas e sentimentos extremados, é difícil para quem está de fora descortinar de que lado está a razão e a verdade. A própria Igreja parece balancear entre a posição de apoio incondicional do Papa João Paulo II, que lhe deu estatuto e santificou Josemaria e a oposição serena do Papa Francisco, que lhe retirou várias prerrogativas.

 

Um livro útil para perceber os pontos de vista dos críticos da Instituição.

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Control

Control por Adam Rutherford

 

Retirar lições da História para que não repitamos erros e crimes do passado. Como uma pseudociência convenceu políticos americanos, ingleses e, principalmente, alemães a implementar políticas cruéis, assassinas e completamente ineficazes orientadas para o melhoramento da raça. Como a ciência que lhe sucedeu, a genética, corre hoje o risco de seguir o mesmo caminho.

 

As políticas eugénicas incluíram a prisão dos chamados “débeis mentais” e de pessoas com deficiência, a sua esterilização e até a eutanásia, matando-os às centenas de milhares para que não pesassem nos gastos do estado. Primeiro nos Estados Unidos, cuja legislação foi depois copiada pelo regime nazi que lhe acrescentou a erradicação física de judeus, ciganos e dissidentes políticos, a eugenia partia do princípio que a forma de eliminar o que via como traços indesejáveis na raça superior era afastar as pessoas, cujas vidas repetia serem indignas, da reprodução e mesmo da existência. Esses foram-se alargando para incluir o abuso do álcool, e mesmo a pobreza. Com a derrota do nazi-fascismo a eugenia foi condenada e pouco a pouco abandonada nos países ocidentais.

 

Hoje a genética permite avançar com a seleção de embriões, descartando aqueles que são responsáveis por doenças, mas também por outros traços. Se algumas características são induzidas por um único gene, muitas outras como a inteligência estão associadas a centenas de genes. Procurar moldar o ser humano, alterando os genes, é tentador mas muito perigoso. Alterar um gene pode levar a que a criança nasça com olhos azuis, mas em compensação pode vir a desenvolver traços ou características indesejáveis que ninguém ainda sabe quais serão. A nova tentativa de melhorar a raça pode levar-nos para caminhos de grande sofrimento e crueldade. É preciso estarmos atentos.

 

Um livro que é uma história, mas um alerta para o presente.


 

quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Gomes Freire de Andrade – Retrato do Homem e da sua Época

Gomes Freire de Andrade – Retrato do Homem e da sua Época por António Lopes

 

Gomes Freire de Andrade e os seus correligionários ficaram na História do nosso País como os Mártires da Pátria pela sua ação em favor de um Portugal livre de ocupações estrangeiras, e socialmente mais justo. Presos, julgados de forma injusta e parcial, acabaram por ser enforcados em Outubro de 1817.

Um general inglês, Beresford dominava com mão de ferro o governo, o Rei mantinha-se no Brasil, e Portugal mergulhava numa crise económica e de identidade. Gomes Freire de Andrade, militar com longo historial, homem de grande mundividência tendo servido na Áustria, na Rússia, na França, Grão-Mestre da Maçonaria, coloca-se em confronto com o poder estrangeiro e propõe plano de regeneração. O plano é denunciado. Três anos mais tarde outra revolução contra o poder de Beresford triunfa, numa ação que contou com o apoio e a intervenção de maçons.

Um excelente livro sobre esta importante figura da nossa História.

António Lopes, doutorado pela Universidade de Lisboa, tem uma vasta obra sobre a Maçonaria. Diretor do Museu Maçónico, integrou o Conselho da Ordem do Grande Oriente Lusitano, dirigiu a revista Grémio Lusitano. Membro do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito para Portugal.