Choupos de Adília Lopes
Poemas agrupados, presos por uma atmosfera melancólica, por um sentimento de nostalgia, por recordações de infância, por memórias longínquas, por fragmentos de vidas passadas mas não esquecidas.
Poemas em prosa, muito curtos e de estruturas flutuantes, como rasgos de luz no silêncio e na penumbra da vida. Poemas tranquilos, muito lúcidos e doces despejando uma sabedoria desconcertante e ingénua no caos do mundo.
Escrita intimista, enxuta e desprovida de adornos. Alguns exemplos “Gosto mais de ouvir a casa em silêncio do que de ouvir música. Mas também gosto de ouvir música”, “Aproveita o dia / aproveita o instante / um dia é muito tempo”, “Errar / para acertar / e não errar”, “Jarra com três jarros”.
Acompanha esta escrita um lirismo citadino e um humor subtil e até uma crítica social suave e leve mas caustica.
Gosto particularmente do poema sobre a professora catedrática: “Alguns catedráticos são estúpidos, não sabem nada. Outros são inteligentes, sabem alguma coisa, mas são desonestos. São a inteligência ao serviço da estupidez…”. Na mouche.
Adília Lopes (1960-2024), escritora portuguesa. Recebeu vários prémios pela sua obra. Choupo foi o seu último livro. Saiu em 2023.
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