quinta-feira, 31 de março de 2011

A Boa Vida

A Boa Vida por Jay McInerney

A vida moderna da classe média-alta nova-iorquina no pós 11 de Setembro, quando os escombros ainda estavam quentes e fumegantes e a zona de impacto repleta de cadáveres despedaçados, como palco de uma reflexão sobre o casamento e a infidelidade.


Apesar do desafogo material bem patente na moda das três casas, das facilidades tecnológicas que permitem ultrapassar a infertilidade, os problemas matrimoniais permanecem os mesmos que poderiam ser descritos no Portugal de ontem. O que mantêm o casal unido, será esta a palavra certa?, não é o amor, mas sim os filhos, as conveniências, as rotinas de organização da vida, a falta de coragem e arrojo para as quebrar e as considerações patrimoniais. Assim se explica que após várias infidelidades mútuas os dois casais centrais do livro, mas também os constituídos por personagens secundárias, se mantenham juntos e, aparentemente, felizes.


Este é um livro com moral, aqui o autor não se limita a colocar-nos perante a realidade. Ao mesmo tempo que tenta ser neutro, procurando dar-nos a ver as situações pelos olhos dos vários personagens, reflecte e conclui, de forma independente, sobre o que descreve.


A moral da história surge assim nítida e clara: a infidelidade faz parte do casamento e não deve ser causa da sua dissolução. Jay diz-nos que é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo embora de forma diferente, uma com uma paixão ardente, outra de forma tranquila e plácida e que nada melhor que a própria infidelidade para melhor perceber e perdoar a traição do cônjuge.


Um livro na direcção errada, com uma moral muito duvidosa.

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