quinta-feira, 31 de março de 2011

Nunca me deixes

Nunca me deixes por Kazuo Ishiguro
Um livro que merece um Nobel.

O destino, mesmo quando traçado pelos outros, pode ser absorvido como um um dever, como a sina de um condenado, como inescapável forma de vida. E quando o destino é a morte muito cedo anunciada o impacto pode ser devastador. Perdidas as ilusões, o condenado fica preso em si mesmo, paralizado encarando o desconhecido e a dor que se aproxima.

E esse abismo, esse medo, essa revolta, tem de ser enfrentado na mais completa solidão do ser em face da sua morte, e não pode, sem perda da dignidade, ser parilhado com os outros, nem mesmo com os que mais nos são queridos. Por isso é uma invisivel, indizivel, mas omnipresente realidade.

Mas neste pesadelo os sentimentos do amor e da amisade, com as suas contrariedades e jubilos, florescem entre jovens que desabrocham para logo serem ceifados pelo egoismo alheio.


A doce melancolia das ternas recordações de uma jovem mulher, não escodem o horror de um mundo sem alma que persegue seres humanos delicados e talentosos. Um mundo que pode vir a ser o nosso ou o dos nossos filhos.

Sem comentários:

Enviar um comentário