terça-feira, 12 de julho de 2011

Os Manuscritos de Jeffrey Aspern

Os Manuscritos de Jeffrey Aspern por Henry James



Um pequeno romance construído sobre uma relação triangular entre o narrador obcecado por uns desconhecidos manuscritos de um famoso poeta, uma velha senhora à beira da morte e detentora dos documentos e a sobrinha desta.

A trama tem como pano de fundo Veneza, mas poderia passar-se em muitos outros lugares decadentes e perdidos no tempo. A cidade é um cenário onde se passa a acção e uma metáfora para a velha Juliana, que se agarra à vida através de memórias de um passado glorioso.

Juliana quer preservar a sua vida privada e a do seu amado escritor e o narrador quer, a todo o custo, apoderar-se dos escritos para os dar a conhecer a toda a Humanidade. Que valores devem prevalecer? O direito à privacidade ou o direito a conhecer a vida e os textos, mesmo que íntimos, de uma figura cimeira da literatura? Um dilema moral de difícil resolução.

É a sobrinha, ingénua solteirona de meia-idade, que, por morte de sua tia, fica com a difícil tarefa de dirimir este conflito de interesses. Ela balança entre os dois valores, mas depois de ler os documentos acaba por decidir mantê-los em segredo para sempre.

Henry James com esta engenhosa resolução parece dizer-nos que a resposta para o dilema exposto só pode ser obtida casuisticamente, em face das circunstâncias concretas e do teor dos assuntos a revelar.

De facto só depois de examinar os papéis e de conhecer o seu conteúdo é que Miss Tina, inicialmente vaga e abstractamente favorável à sua divulgação, concluí que a melhor solução é não os tornar públicos. Simultaneamente entrega um pequeno, antigo e inédito retrato de Aspern, que nada choca com a privacidade, para conhecimento geral.


Excelente.

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