segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Bursts

Bursts por Albert-Lászlo Barabási





Um livro interessante em que Albert-László Barabási procura, com exemplos concretos e simples, demonstrar que o comportamento humano é previsível. Conhecida a actividade passada de uma dada pessoa é possível prever, com um elevado grau de certeza, a sua localização e a sua actividade nos próximos dias, semanas ou meses. Conhecer o passado é antecipar o futuro.

Barabási demonstra que duas verdades dadas por adquiridas pela opinião dominante no mundo das ciências sociais não passam de mitos. A primeira é a tese de Karl Popper de que é impossível antecipar a actividade humana, isto é que o agir e devir do ser humano e da sua sociedade são imprevisíveis e a segunda é a tese de que a famosa curva de sino própria dos fenómenos aleatórios se aplica sempre ao comportamento social e individual.

De facto se tivermos dados suficientes, como a tecnologia actual já permite recolher, e que as empresas de telecomunicações, de serviços de GPS, e outras já dispõem, podemos modelar o comportamento das pessoas e prever com um grau muito elevado de precisão os seus passos futuros.

Sendo o ser humano um animal de hábitos isto não surpreende. Sabendo onde mora e onde trabalha consigo prever com muita segurança onde é que estará qualquer pessoa durante boa parte do dia (naturalmente em casa ou no trabalho), se souber onde costuma fazer compras e o tipo de lazer de que gosta ainda mais consigo prever. Sem qualquer magia. Sem que qualquer processo aleatório se imiscua nesta previsão. Extraordinária e contra intuitiva era a premissa dominante de aleatoriedade do comportamento humano. Cada vez estou mais convencido que a aleatoriedade, em ciências sociais, desempenha o papel da religião e esconde áreas de ignorância com falsas certezas.

Barabási mostra também que a actividade humana é regida por prioridades. Como temos um tempo limitado (o dia tem 24 horas) e não conseguimos fazer tudo em simultâneo atribuímos, consciente ou inconscientemente, prioridades ao que queremos fazer. Assim a actividade humana relativa a qualquer tema caracteriza-se por irrupções (Bursts) e por períodos de acalmia. Respondo aos e-mails recebidos e depois concentro-me noutra coisa e só passado horas é que volto aos e-mails. Estas irrupções podem ser descritas por uma função de potenciação – que usualmente é descrita pela seguinte fórmula: 〖f (cx)= a (cx)〗^k.

Hábitos e prioridades eis as chaves do comportamento humano.

Num futuro não muito longínquo será possível antever com precisão o desenrolar da vida futura de cada pessoa.

É de um território novo e, talvez por isso, perturbador. Apesar de estar preso ao hábito como qualquer outra pessoa gosto de sentir que sou livre de dar o rumo que pretendo à minha vida e não estou certo que gostaria de conhecer antecipadamente o meu futuro. Estou, porém, certo que se outros o pudessem fazer então eu também exigiria ter acesso a essa informação.

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