domingo, 27 de fevereiro de 2011

O soriso ao pé das escadas

O Sorriso ao pé das Escadas por Henry Miller


Um homem que se perde e reencontra e se perde de novo para por uma última vez se reencontrar.

Uma curta novela sobre o como é fácil afastar-nos do nosso verdadeiro caminho mas em simultâneo como é difícil deixarmos de ser quem somos. É desta tensão que a vida é feita, é neste terrível confronto que se joga a felicidade humana, é neste terreno de luta que os sonhos se realizam ou estilhaçam.

O palhaço do circo surge aos nossos olhos quase como um ser providencial cuja missão é trazer a alegria ao mundo, não o riso fácil e passageiro da pantomima e da graça ligeira, mas a Alegria profunda e persistente próxima da contemplação. Mas apesar de tudo o seu drama é o nosso drama, a sua procura a nossa procura.

Uma história de contornos oníricos, em que o palhaço se move muitas vezes como um sonâmbulo que vivendo do seu próprio interior se desliga do mundo à sua volta, o que, no final, se torna fatal.

Louis la Guigne


Louis la Guigne por Giroud e Dethorey
Cinco aventuras de Louis la Guigne reunidas neste primeiro tomo da edição dos integrais desta série.
A acção decorre entre as duas guerras e em cenários tão variados como a Paris, Veneza, Berlim. Vive-se o clima da ascenção da direita fascista e a resistência da esquerda popular. No último episódio Louis apesar de operário e comprometido com a causa da liberdade acaba por impedir um atentado contra Mussolini.

As Farpas na República



As Farpas na República por Ramalho Ortigão



A mesma critica mordaz, trocista e acutilante, bem-humorada mas demolidora, irónica mas cirúrgica, leve mas directa ao alvo, com que fustigou o rotativismo monárquico aqui utilizada de forma soberba para expor os defeitos da novel República.

No seu estilo inconfundível, com um domínio perfeito, completo e admirável da língua portuguesa, Ramalho Ortigão fustiga os novos governantes e as novas elites sociais.

Bibliotecário do Rei, Ramalho Ortigão, manteve-se sempre fiel à Casa de Bragança e a Monarquia.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O Deus das Moscas

O Deus das Moscas por William Golding
Uma alegoria ao nascimento pecaminoso da civilização humana.

Um grupo de crianças sobrevive numa ilha deserta, plena de árvores de fruto e de água potável que asseguram a sobrevivência. Desde o inicio se assiste a uma luta, que rapidamente se transformará num confronto de “vida ou de morte” entre dois tipos de sociedade, protagonizados por dois rapazes.

De um lado um projecto de sociedade organizada, hierarquizada, capaz de controlar e proteger os seus elementos e de lhes fornecer alimento de qualidade superior (carne), de outro uma tentativa de estabelecer uma sociedade de caracter anarquista assente na igualdade dos seus membros, organizada em assembleias deliberativas mas em que as decisões apenas são implementadas voluntariamente e cada membro faz literalmente apenas o que a sua consciência lhe dita.

Inicialmente as crianças preferem o segundo tipo de sociedade que permite uma maior liberdade. Infelizmente a experiência é mal sucedida, crianças desaparecem, o fogo apaga-se, as cabanas são construídas apenas por alguns, a lixeira instala-se e o medo irrompe. Impõe-se então um segundo tipo de sociedade organizada, com estrutura piramidal, dotada de meios, muito violentos e sádicos, de coerção para disciplinar os elementos prevaricadores,

Este segundo tipo de sociedade, primeiro passo para a civilização, nasce marcada por um pecado original terrível – a exploração dos medos primitivos, a prática da violência e do assassinato. Impossivel não ver aqui uma alegoria ao comunismo primitivo depois substituido pelas primeiras formas de civilização humana, recheada de nostalgia e simpatia pelo primeiro estado, talvez o mais natural, do ser humano.

É impossível não simpatizar com Rafael líder natural que se impõe pelo bom senso e pela palavra e desprezar Jack pela sua sede poder, pela violência das suas acções, pela malvadez que lhe corrói o espirito. Mas é também impossível não ver o grau de ineficácia da sociedade desregulada e o passo em frente na organização social que a tribo representa em relação à simples coexistência.

O livro fornece ainda ilustração: i) das teorias das classes políticas que defendem que em todas as sociedades são as minorias organizadas que prevalecem sobre as maiorias desorganizadas impondo-lhes o seu domínio e ii) das formas como os símbolos e os mitos são criados e manipulados para legitimar o Poder.
Muito poderoso, deu um Prémio Nobel ao autor.

The Consequences of Modernity


The Consequences of Modernity por Anthony Giddens
A Confiança como elemento essencial da Modernidade. Afastando-se de Luhmann, Giddens introduz uma nova definição do coneito de Confiança e enquadra-a no processo de reembedding dos sistemas abstractos.
Um livro para Sociologos a que os leigos terão dificuldade a aceder.