sábado, 15 de dezembro de 2012

D. Maria I

D. Maria I por Jenifer Roberts


D. Maria atravessou tempos tumultuosos mas não esteve à altura dos desafios que enfrentou. Assistiu à independência dos Estados Unidos com a sua República democrática, foi contemporânea da Revolução francesa, sofreu com o Terramoto de 1755, presenciou a subida ao poder do Marquês de Pombal, mas quando subiu ao trono negligenciou o desenvolvimento económico, desinteressou-se pelo governo do país, que durante anos foi assegurado por apenas dois ministros, restituiu o poder à Igreja e à alta nobreza e reabilitou os condenados da conspiração dos Távora.

Educada como princesa, mas não como Rainha, isto é sem os ingredientes, político, estratégico e económico, indispensáveis a um Chefe de Estado, casada com um tio (D. Pedro irmão de seu pai o Rei D. José I), a sua personalidade frágil e extremamente permeável a uma religiosidade extremada acabou por sucumbir aos reveses da vida, remorsos pelas perseguições aos jesuítas levadas a cabo no Reino de seu pai, que ela acreditava estava já no Inferno, pela morte dos filhos, entre os quais o príncipe herdeiro vitima já adulto de varíola. Acabou por enlouquecer e a regência do Reino ser entregue, num momento em que o seu marido/tio já tinha morrido, ao seu filho, futuro Rei D. João VI.

Foi já louca que seguiu de barco para o Brasil aquando das invasões francesas para as quais não soubera preparar o país, criando as condições que permitissem a defesa de Portugal. Foi no Rio de Janeiro que acabou por falecer.

Um retracto de uma Rainha incompetente, que sem querer, tanto mal causou ao seu próprio país.


2 comentários:

  1. Não obstante, coube-lhe entre outras a decisão de instituir a "Sociedade Real Marítima" que foi decisiva para o desenvolvimento do conhecimento científico, nomeadamente nos domínios da geografia, hidrografia e cartografia, criada por D. Rodrigod e Sousa Coutinho e com clara influência dos iluministas e da maçonaria.

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  2. Boa noite,

    Caro Jorge Almeida, está muito equivocado quando afirma, e cito, "Rainha incompetente, que sem querer, tanto mal causou ao seu próprio país."

    D. Maria não foi uma rainha incompetente. Pelo contrário, as fontes da época afirmam que era uma monarca sensata. Religiosa, claro, mas também o foi seu pai, D. José, e seu avô, D. João V. Sofreu fortes reveses durante a sua vida: a perseguição dos jesuítas, o terramoto, a morte do pai, da mãe e do filho primogénito. A acrescentar ainda a revolução francesa de 1789, que pôs em causa o absolutismo; o processo da família Távora e do Duque de Aveiro e as suas execuções trágicas. Depois, já rainha, a reabertura do processo, as consequências nefastas que teria na memória de El-Rei D. José... Tudo isto ajudou e contribuiu para a sua doença mental.

    Agora, D. Maria I não causou mal nenhum ao país. Vivia-se a regência de D. João VI quando se deu as invasões napoleónicas. Nem podemos acusar D. Maria de más opções estratégicas, visto que há muito enlouquecera.

    D. Maria pode ter enveredado por caminhos errados, mas também Pombal cometeu erros. Um dos maiores foi expulsar os jesuítas, que tinham quase o monopólio do ensino não universitário. Esta medida absurda atrasou Portugal em séculos, diminuiu drasticamente o número de alunos e empurrou o país para a ignorância. D. Maria, quanto muito, foi mal acessorada. Culpa ainda de D. José, que nunca a introduziu na política do país, e do próprio Sebastião José, que induzia o monarca a escolher para sucessor o seu neto, D. José, filho de D. Maria, em detrimento desta, passando o trono directamente para as mãos do dito infante.

    Quis o destino que D. Maria subisse ao trono e, para terminar, lamento que se refira à memória de D. Maria com palavras tão desrespeituosas.

    Cumprimentos e recomendo-lhe que leia bibliografia mais imparcial e justa.

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