domingo, 9 de dezembro de 2012

Ode Marítima

Ode Marítima por Álvaro de Campos

Um paquete que passa desencadeia na alma do poeta uma roda de sensações e reflexões, que sobem de tom, culminando numa exaltação delirante, doentia e  masoquista, para logo se desvanecerem acabando numa imobilidade triste e insatisfeita presa à realidade concreta do real.

Na grande aventura marítima  e a pirataria incorpora todos os ângulos dessa saga marinheira, Álvaro de Campos funde-se simultaneamente com carrascos e vítimas, com violadores e violados, com assassinos e assassinados, com a fúria e o medo, e cristaliza essa estranha união na dor. Dor física do moribundo, dor eterna de Prometeu.  A dor procurada, querida, o culto do sacrifício voluntário, sem sentido nem honra, nem esperança.

Típico do espírito da época de guerras em que foi escrito, um espírito que conduziu a regimes odiosos na Europa e que a transportou para um segundo confronto – o mais mortífero e sanguinário de toda a História Humana.

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