sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Utz

Utz por Bruce Chatwin


As singelas figuras coloridas, de cores desmaiadas, de porcelana da fábrica de Meissen criada no início do século XVIII na sequência do apoio do Rei Augusto II da Polónia, um apaixonado pela porcelana chinesa, a um conjunto de alquimistas que acabaram por descobrir o segredo do fabrico deste material, são hoje peças de museu e de coleção. Os seus preços são exorbitantes. A fábrica, essa, depois de três séculos, contínua em laboração, um bom exemplo de empresa pública, que sempre foi e ainda é, de sucesso.

Kaspar Utz um abastado barão alemão da região dos sudetas acaba, depois do turbilhão da II Grande Guerra, a viver em Praga então capital da Checoslováquia um país comunista. Possui uma grande coleção de porcelanas de Meissen que guarda em casa e uma fortuna depositada num banco suíço.

Com arte e engenho vai usufruir das duas. Mantêm a posse da sua coleção, prometendo doá-la ao Museu local depois da sua morte. E consegue obter anualmente uma autorização para viajar para o estrangeiro para umas férias numas ternas de luxo francesas. Uma vez no estrangeiro, e tendo acesso ao seu dinheiro, chega a comprar mais peças para a sua coleção e a trazê-las de “contrabando” para a sua casa em Praga.

Utz tem também uma agitada vida amorosa mas acaba por se casar com a dedicada criada Marta que o acompanha à longa data. É com a cumplicidade desta que quando a morte se aproxima consegue fazer desaparecer a sua coleção. Destruída? Enterrada com ele? Escondida? Mistério.

Um livro extraordinário nas descrições dos ambientes, começando pelo do funeral desolado e triste de Utz e passando pela estranheza do roupão na casa de banho aquando da vista do narrador à casa do barão.

Utz um homem que inteligentemente constrói a sua felicidade no mundo em que lhe coube viver.   



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