sábado, 19 de janeiro de 2013

A Trégua


A Trégua por Primo Levi

As aventuras, os incidentes e as peripécias de um longo, atribulado mas feliz regresso a casa de um judeu italiano, o próprio Primo Levi, sobrevivente dos campos da morte de Auschwitz libertado pelo Exército Vermelho.

Uma viagem errática seguindo um percurso sinuoso, através de uma Europa devastada pela ocupação alemã, destruída pelos combates, sangrada da sua juventude imolada na guerra, faminta pela paralisação da economia, carente de quase tudo, o comboio de repatriamento avança lentamente com frequentes paragens mais ou menos prolongadas.

Pulsa aqui uma vida indómita, jubilosa e agradecida, cheia de vontade, depois de tanto sofrimento e morte, de se reerguer, recomeçar e de se celebrar. A força leal, ingénua e magnânima dos russos e a sua monumental desorganização, o espírito livre e solidário dos italianos e a sua capacidade de transformar dificuldades em oportunidades, as habilidades comerciais dos gregos, materializam-se em personagens reais e cheias de vida.

Quando passam pela Alemanha e pela Áustria, agora ocupadas pelas forças aliadas, nenhum dos sobreviventes de Auschwitz mostra qualquer ressentimento ou tenta qualquer tipo de vingança sobre as populações germânicas. O que Primo Levi sente é uma vontade enorme de lhes contar as atrocidades cometidas pelos seus compatriotas e uma solidariedade para com os alemães em sofrimento dizendo que muitas vezes acabam os justos por pagar pelos pecadores.

Um grande livro. Vida e Literatura.

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