quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Cosmopolis

Cosmopolis por Don DeLillo

Naquele que seria o seu último dia Eric Packer quis cortar o cabelo no seu barbeiro habitual o que o obrigou a atravessar Manhattan num dia particularmente aziago em que o iene não parou, contra as suas melhores previsões, de se valorizar, o Presidente norte-americano visitou a cidade bloqueando por razões de segurança o trânsito, em que uma concorrida e agitada manifestação contra o sistema capitalista descamba em confrontos com a Polícia e em que se realizou o funeral, de novo lançando o caos no tráfego automóvel, de um famoso cantor rapper.

 Na sua sumptuosa limusina, forrada a mármore de Carrara, isolada com cortiça, cheia de écrans e computadores, Packer vive um dia intenso de experiências físicas, emocionais e intelectuais.

Uma ilustração do ditado “quem com ferro mata, com ferro morre”, o livro conta-nos a história de um jovem milionário da alta finança que acaba arruinado pelo mercado e morto por um empregado que despediu. A multifacetada, vertiginosa e perigosa vida contemporânea, a atracção pelo abismo, o vazio da relação de um rico com o dinheiro, com o luxo e com o poder, o casamento de conveniência, a importância do fortuito, do inesperado, do assimétrico, a relação do ser humano com o tempo, o passado que depressa se escoa rumo ao nada e o futuro cada vez mais antecipado e previsível (pelo menos assim se pensava na área financeira) incorporado no presente, são temas de reflexão deste romance surpreendente e intenso.

Imprescindível.

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