Luz Antiga de John Banville
A vida interior de um retirado ator sexagenário espartilhado
entre a dor da perca da sua única filha e as recordações do seu primeiro amor,
vivido em plena adolescência, de que guarda uma memória repleta de detalhes,
cheiros, sensações e desejo. Uma relação que, tantos anos passados, ainda o perturba e intriga.
Um presente sombrio, cinzento, desfocado e um passado vivo,
colorido, apaixonado mas distante em que suspeita já se confunde a realidade
com a imaginação.
A morte, o suicídio, o pesado e interminável sofrimento pela
perda, a culpa, o remorso, a memória fixa em momentos longínquos, a esperança
estilhaçada e deslocada, a vida condenada dos sobreviventes.
Nada que se faça no presente, não importa quem enfrentemos ou
salvemos, pode apagar o passado, pode dissolver o luto, restaurar a alegria, mas
vasculhar o passado pode iluminar e esclarecer, neste caso com uma luz muito
triste, as memórias que dele construímos com base na nossa vivência sempre
parcelar e unilateral de uma realidade complexa.
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