Sinais de Fogo de Jorge de Sena
Um livro misógino, em que as
mulheres são retratadas como prostitutas ou como limitadas intelectualmente. As
criadas servem para todo o serviço e quando se revoltam são despedidas sem
cerimónias, as mulheres casadas apresentadas como adulteras ou submissas, as
solteiras separadas entre as virgens e as desgraçadas.
Um livro homofóbico em que os
homossexuais são ridicularizados e apresentados como aberrações causadoras de
náusea e de nojo. Absurdo o conceito de homossexual de Jorge de Sena em que o
homossexual ativo é considerado heterossexual!
Um livro em que as classes
inferiores são tratadas com desprezo e prepotência pelas personagens que
podemos identificar com uma certa classe média de serviços (professores,
oficiais de baixa patente, oficiais da marinha mercantes, etc.).
Um livro cheio de preconceitos
inaceitáveis, de reflexões infantis ou de raciocínio duvidoso. Situado em
meados dos anos 30 muitas das ideias aqui expressas eram já obsoletas nessa
altura, um tempo em que o feminismo se afirmava, a igualdade de classes e o
socialismo eram reclamados por toda a Europa. Escrito na década de 60 do século
XX as ideias expressas vão a contra corrente com os movimentos de afirmação dos
direitos cívicos, da explosão da liberdade sexual, da contestação política.
O personagem do livro conta com
detalhe as suas múltiplas aventuras sexuais e as dos seus amigos. As suas
exclusivamente com mulheres, as dos seus amigos quase sempre envolvendo
conotações homossexuais.
A ação tem como pano de fundo o
início da guerra civil espanhola, que despoleta uma forte tensão em Portugal,
quer em Lisboa quer na Figueira da Foz locais onde a trama se desenrola.
E uma obra medíocre que não merce
a estranha veneração que tem tido pelas elites académicas e literárias
portuguesas. Se fosse um filme seria certamente classificado como pornográfico.
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