quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Sinais de Fogo de Jorge de Sena


Um livro misógino, em que as mulheres são retratadas como prostitutas ou como limitadas intelectualmente. As criadas servem para todo o serviço e quando se revoltam são despedidas sem cerimónias, as mulheres casadas apresentadas como adulteras ou submissas, as solteiras separadas entre as virgens e as desgraçadas.

Um livro homofóbico em que os homossexuais são ridicularizados e apresentados como aberrações causadoras de náusea e de nojo. Absurdo o conceito de homossexual de Jorge de Sena em que o homossexual ativo é considerado heterossexual!

Um livro em que as classes inferiores são tratadas com desprezo e prepotência pelas personagens que podemos identificar com uma certa classe média de serviços (professores, oficiais de baixa patente, oficiais da marinha mercantes, etc.).

Um livro cheio de preconceitos inaceitáveis, de reflexões infantis ou de raciocínio duvidoso. Situado em meados dos anos 30 muitas das ideias aqui expressas eram já obsoletas nessa altura, um tempo em que o feminismo se afirmava, a igualdade de classes e o socialismo eram reclamados por toda a Europa. Escrito na década de 60 do século XX as ideias expressas vão a contra corrente com os movimentos de afirmação dos direitos cívicos, da explosão da liberdade sexual, da contestação política. 

O personagem do livro conta com detalhe as suas múltiplas aventuras sexuais e as dos seus amigos. As suas exclusivamente com mulheres, as dos seus amigos quase sempre envolvendo conotações homossexuais.

A ação tem como pano de fundo o início da guerra civil espanhola, que despoleta uma forte tensão em Portugal, quer em Lisboa quer na Figueira da Foz locais onde a trama se desenrola.

E uma obra medíocre que não merce a estranha veneração que tem tido pelas elites académicas e literárias portuguesas. Se fosse um filme seria certamente classificado como pornográfico.

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