quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A Vida - Modo de Usar de Georges Perec

A Vida Modo de Usar de Georges Perec


Quantas histórias pode um prédio parisiense albergar? Quantas personagens se podem cruzar nos quartos, nas cozinhas, nas casas-de-banho, nos corredores, nas escadas, nos salões, nos elevadores, nas lojas, nas arrumações e nos saguões de um edifício centenário? Como capturar exaustivamente um momento, o preciso momento da morte de alguém?

Um grande projecto, que uma vida longa não foi suficiente para realizar, fica incompleto. Um quadro ambicioso e muito idealizado e planeado por um experiente e talentoso pintor fica praticamente em branco. A inconclusão das pretensões humanas surge em forte contraste com a completude das descrições das mobílias, das obras-de-arte, das paisagens, dos pessoas e dos objectos Como se pudéssemos, através da atenção minuciosa e da descrição exaustiva, apreender a realidade circundante, mas não pudéssemos agir plenamente, ficando a obra humana permanentemente inacabada.

Neste prédio viveram e vivem ricos e pobres, patrões, nos andares nobres, e criados nas águas-furtadas, homens e mulheres, nacionais e estrangeiros, diplomatas e inventores, patrões de indústria e marceneiros, antiquários e coleccionadores, jovens e velhos, extrovertidos e introvertidos. Tal variedade humana cristaliza-se em diferentes estilos de vida, milhentos episódios, nascimentos e mortes, uma variedade infinda que no fundo caracteriza a Vida na sua profusão e variedade

Criado com recurso à técnica da escrita condicionada, Vida Modo de Usar, é a obra-prima de George Perec.

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