segunda-feira, 2 de março de 2015

Escrever depois de Auschwitz

Escrever depois de Auschwitz de Günter Grass



Gunter Grass é o escritor do pós-guerra confrontado com os crimes hediondos a que a alta cultura alemã levou. Deveriam os alemães voluntariamente parar de escrever como defendeu Adorno ou de alguma seguir em frente e se sim em que direcção? A esta questão essencial responder Grass e o grupo dos 47 a que pertencia com a vontade de recomeçar sob um signo do cinzento, mostrando que nada é puro, muito menos a raça, que tudo são tons pardacentos envolvendo e fundindo o preto e o branco.

Mas a Alemanha não muda e pouco depois elegia como chanceler Karl Kiesinger, num governo de grande coligação, um alto responsável nazi o que levou Grass a envolver-se na política na campanha eleitoral de Willy Brandt.

Escrito em 1990 este texto contém um sério aviso a propósito da unificação alemã que aqui deixo: “Nem a Prússia, nem a Baviera, nem a Áustria poderiam, isoladamente, ter desenvolvido e levado a cabo o método e a vontade do genocídio organizado; teve de ser a Alemanha toda. Temos todas as razões para ter medo de nós próprios como união capaz de agir”.

Hoje que a união se consumou e que assistimos ao sofrimento do povo grego às mãos dos alemães devemos reflectir sobre as palavras deste laureado Nobel.

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