Escrever depois de Auschwitz de Günter Grass
Gunter Grass é o
escritor do pós-guerra confrontado com os crimes hediondos a que a alta cultura
alemã levou. Deveriam os alemães voluntariamente parar de escrever como
defendeu Adorno ou de alguma seguir em frente e se sim em que direcção? A esta
questão essencial responder Grass e o grupo dos 47 a que pertencia com a
vontade de recomeçar sob um signo do cinzento, mostrando que nada é puro, muito
menos a raça, que tudo são tons pardacentos envolvendo e fundindo o preto e o
branco.
Mas a Alemanha
não muda e pouco depois elegia como chanceler Karl Kiesinger, num governo de
grande coligação, um alto responsável nazi o que levou Grass a envolver-se na
política na campanha eleitoral de Willy Brandt.
Escrito em 1990
este texto contém um sério aviso a propósito da unificação alemã que aqui
deixo: “Nem a Prússia, nem a Baviera, nem a Áustria poderiam, isoladamente, ter
desenvolvido e levado a cabo o método e a vontade do genocídio organizado; teve
de ser a Alemanha toda. Temos todas as razões para ter medo de nós próprios
como união capaz de agir”.
Hoje que a união se consumou e que assistimos ao sofrimento do povo grego às mãos dos alemães
devemos reflectir sobre as palavras deste laureado Nobel.
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