sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Os Exportadores Portugueses



Os Exportadores Portugueses de Filipe S. Fernandes

Este pequeno ensaio de Filipe S. Fernandes apresenta-se, mau grado o visível esforço do autor em recorrer a diversas fontes incluindo a entrevistas com responsáveis do setor, mal estruturado, insuficientemente estudado e cheio de repetições e sem conclusões de fundo. É pena.

Existem diversas contradições, por um lado não se cansa de repetir que as exportações portuguesas são muito diversificadas para logo de seguida, sem se aperceber que se desmentia, afirmar que são muito concentradas num número pequeno de empresas (que elas próprias são exclusivamente mono sector). Trata-se do conhecido erro de “ver a árvore mas não ver a floresta”.

Ao analisar muitas empresas de diversos ramos fica com a sensação de diversificação esquecendo-se de analisar os valores envolvidos. Há diversificação quando se olha para pequenos e micro exportadores esquecendo-se que na maior parte dos casos são irrelevantes para os números globais.

Na verdade as exportações portuguesas estão muito concentradas num número muito pequeno de empresas – as 10 maiores concentram cerca de 20 % de todas as exportações nacionais! Apenas 500 empresas representam mais de 60% do valor das vendas externas portuguesas.

Eis a grande diversificação: não existe, antes a realidade nos mostra uma séria concentração e uma exagerada dependência de meio milhar de empresas.

Por outro lado falha ao insistir no carácter nacional das exportações. A verdade é outra. A maioria dos grandes exportadores são empresas estrangeiras. Como o próprio autor refere 8 das 10 empresas que mais exportam são estrangeiras. Apenas duas vagamente nacionais: A Galp e a Portucel/Soporcel.

Em termos geográficos dos destinos das exportações existe também uma concentração excessiva, com apenas 10 países a absorver mais de 70 % do total das exportações. Um único país, a Espanha, compra mais de um quinto das nossas vendas externas. Uma situação muito perigosa que no passado já provocou várias crises em Portugal quando alguns desses países reduziram as suas compras.

O ensaio contem várias repetições a mais flagrante é a da página 84 que reproduz quase literalmente o referido nas páginas 53,54 e 55.

Poderia ter notado, até pelos dados que apresenta, que as empresas portuguesas que lideram os respetivos setores a nível mundial ou europeu, Sovena, Corticeira Amorim, etc, são em geral empresas verticalmente integradas e com um mercado interno apreciável sob o qual souberam construir uma internacionalização bem-sucedida.

Pleno de banalidades, ideias erradas e análises superficiais este livro não ajuda a compreender uma atividade económica vital para a economia nacional.
 

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