domingo, 17 de junho de 2018

Sarrasine


Sarrasine de Honoré de Balzac

A Igreja católica para exclusiva recreação musical castrava muitos jovens rapazes que assim ficavam presos a uma profissão, a de cantor lírico nas Igrejas e teatros, e a um patrono, um membro do clero, frequentemente um bispo, com que mantinham uma relação de completa subjugação.

Esta execrável prática de mutilação genital de crianças para a simples fruição musical constitui um dos muitos crimes que a Igreja católica cometeu ao longo da sua existência. Hoje, no meio de um escândalo internacional de pedofilia, assume uma atitude moralista com outros. Não aprendeu com os erros.

Na época de Balzac, devido à atitude da Igreja para com as mulheres, remetidas ao silêncio na Igreja e na sociedade, os papéis femininos em óperas e na música litúrgica eram cantados por essas vitimas castradas.

Este livro traz à superfície, de forma trágica, esta horrível realidade que se passava em vários países europeus, nomeadamente em Itália na cidade de Roma sede histórica da Igreja Católica.

De uma forma admirável Balzac apresenta-nos uma família rica de pessoas extremamente belas que possuem um familiar idoso que, de quando em quando, irrompe pelos salões distintos em que recebem os convidados em dias de festa. Quem será este misterioso e tenebroso velho que quando passa deixa um rasto gélido e fétido? Qual a origem desta família que fala fluentemente várias línguas mas não deixa adivinhar a sua nacionalidade?

Este livro que marcou uma época e um género literário, o decadentismo francês, transporta-nos para o mundo da arte, a escultura, a pintura, a música e obriga-nos a refletir sobre uma variedade de temas que vão do amor, à descendência e à herança que podemos deixar no mundo.

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