Bola com Feitiço de Uanhenga Xito
Dois interessantes contos sobre o confronto
forçado entre colonialistas e colonizados nas mais comezinhas situações da
vida: um jogo de futebol e um homem que ensina português aos miúdos da sua
aldeia.
No primeiro, uma inteligente e subtil sátira,
ressalta a inutilidade do uso do português numa sociedade dotada de uma
vibrante e expressiva língua própria. Inutilidade até compreendida pelas
autoridades coloniais que vêm no uso e ensino de vocabulário mais sofisticado
uma forma de perigosa subversão.
A profusão de palavras e frases africanas
mostra-nos exatamente que essa língua reflete mais a realidade local, tendo
vocabulário necessário para descrever e nomear os instrumentos, fauna e flora da
região, termos esses que faltam ao português.
No segundo conto, que dá nome ao livro,
conta-nos os preparativos de uma memorável partida de futebol que acabou numa
enorme e anunciada algazarra. A profecia era clara “Estes gajos das Missões, quando se infiltram nas coisas da terra,
provocam sempre distúrbios”.
Uanhenga Xito (1924-2014), de seu nome Agostinho
André Mendes de Carvalho, político e escritor angolano da Geração do Silêncio, foi
um grande lutador pela independência do seu país, preso pela Pide passou vários
anos encarcerado no campo de concentração do Tarrafal. Depois da independência
exerceu vários cargos políticos.
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