A Bolsa de Max Webber
Max Webber (1864-1920) é um dos fundadores da
Sociologia e um dos maiores pensadores do nosso tempo, deixando uma vasta obra
que ainda hoje inspira largas franjas dos estudos sociais.
Neste livro, publicado em1894 depois de uma
grave crise financeira mundial, Webber descreve o funcionamento das principais
bolsas do seu tempo, identificando os vários intervenientes e as operações
bolsistas mais relevantes.
Desde logo distingue dois tipos de bolsas: as
de mercadorias, onde se transaccionam cereais e outros produtos agrícolas e
minerais, das de valores onde se compram e vendem títulos de dívida, acções e
divisas.
Nos intervenientes descreve-nos principalmente
as funções de comissionista (broker) e a de corretor e explica-nos como as
bolsas estão organizadas nos diversos países. Mais fechadas, elitistas,
exclusivas e profissionais nos Estados Unidos, mais abertas e amadoras na
Alemanha.
As operações à vista são rapidamente
abordadas para depois se deter longamente nas operações a prazo, aquelas em que
comprador e vendedor comercializam um activo, fechando entre si o preço, com
semanas de antecedência relativamente ao dia em que a venda efectivamente se
fará.
Sobre a especulação explica que para que esta
ocorra são necessárias três condições. “Primeira:
ser possível especular sem que se seja detentor de avultados capitais próprios.
Segunda: possibilitar que a mesma quantidade de mercadorias seja utilizada não
apenas numa, mas em várias transacções especulativas. Terceira: não só poder,
assim, comprar especulando numa esperada subida dos preços para vender depois
mais caro, mas também poder vender especulando numa esperada descida dos preços
para comprar depois mais barato”.
Mas Webber vai mais longe do que a simples
dissecação da Bolsa e do seu funcionamento, reflecte sobre a sua função social e
económica, suas vantagens e desvantagens.
Do lado das desvantagens alerta para os
malefícios que podem derivar da especulação, nomeadamente para os pequenos
investidores ignorantes que ciclicamente perdem o seu dinheiro na voragem das
crises. Para evitar estes males propõem que os pequenos investidores sejam
afastados da Bolsas e que não possam participar das suas negociações quer
directamente quer indirectamente. Só os conhecedores, conscientes dos riscos,
deveriam poder aceder à negociação bolsista. Esta medida foi já implementada várias
vezes, a última das quais depois da crise de 2008.
Mas do lado das vantagens Webber lista muitas e
decisivas. Desde logo a protecção contra as flutuações de preços das mercadorias
e dos valores recordando que a especulação visa “um objectivo comercial bem real e sério: a vontade de obter uma garantia
contra o risco de uma flutuação de preços, pelo que a omissão dessa garantia,
dada pela realização da operação a prazo, seria tão irresponsável como não
tomar previdências contra o risco de incêndio”. A especulação vista assim
como um seguro contra as alterações de preços.
Um excelente livro indispensável a quem
queira conhecer ou participar neste mundo fascinante das Bolsas.
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