Contos
Treze contos de Eça de Queiroz. Treze contos palavrosos, em que a trama corre lenta para dar lugar a longas descrições, em que a imaginação cede perante a semântica, em que a construção frásica e diversidade vocabular tomam a primazia à custa da reflexão.
Eis como a forma pode matar o conteúdo, tornando-o aborrecido e sonolento. Eis como a perfeição estilística liquida a Literatura e afasta o Leitor adormecendo-o.
Os contos curtos, com mais ritmo vivo, como O Tesouro, A Aia e a segunda versão do Suave Milagre, agradam mais do que Adão e Eva no Paraíso, com a narração dos primeiros dias no Paraíso e a enumeração dos animais, plantas, rios e perigos que o primeiro casal experimentou.
A espaços emergem ideias misóginas, comentários preconceituosos, afloramentos conservadores contra a modernidade as suas descobertas e as novas invenções.
Um escritor que domina a frase rebuscada, que serpenteia subtilmente e se arrasta entre vírgulas, temas, adjetivos e verbos, mas falha na cadência da história, na velocidade que desperta a imaginação, no dito que surpreende, na palavra que desvenda, no final que espanta.
Eça de Queiroz (1845-1900) escritor e diplomata, conhecido como o Zola português, viveu na segunda metade do século XIX.
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