sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Tomás Nevinson

 

Tomás Nevinson de Javier Marías

 

Um romance em que o desfecho permanece aberto até ao fim apesar das várias curvas e contracurvas em que a ação nos leva. Um romance de trama densa, refletida em que avulta por trás do tema do terrorismo a tentativa de identificação da linha ténue e movediça que separa a legítima defesa do crime, a meditação sobre a função dos serviços secretos, a espionagem e a mentira sobre a qual se constroem muitas vidas.

 

Sob que capa se esconde a terrível guerrilheira do Exército de Libertação Irlandês (IRA) que os serviços secretos britânicos querem eliminar. Para evitar incertos crimes futuros que possa vir a planear e ajudar a executar valerá a pena matar duas mulheres inocentes? Como sair deste dilema moral? Um dilema clássico, sem resposta clara.

 

Outros temas inundam este livro: a dupla nacionalidade, o bilinguismo, o arrependimento, a possibilidade de regeneração, a memória das vítimas de atentados terroristas, as frágeis relações humanas, os segredos que tomos guardamos. Um texto erudito em que as citações dos clássicos surgem com moderação mas muito aproposito.

 

Javier Marias (1951-2022), escritor espanhol, recentemente desaparecido. Morreu das complicações do Covid-19 que contraiu pouco antes. Recebeu numerosos prémios incluindo o Prémio Nelly Sachs.

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