Vagão J de Vergílio Ferreira
No Portugal rural, atrasado e pobre a fome é uma realidade, a miséria a forma de vida da população trabalhadora, a prepotência e o nepotismo o método político, a Igreja católica a via para ascensão social.
A saga do casal Borralho e dos seus filhos, relata-nos a agruras desta família que as muitas dificuldades e injustiças da vida empurra para os extremos do suicídio e do assassinato. A miséria endurece, a prepotência enfurece, a necessidade impõe soluções tristes e autodestrutivas. Não há aqui finais felizes e fantasiosos, apenas o sabor amargo da realidade que conhecemos e a que fechamos tantas vezes os olhos.
Um romance de cariz neorrealista, escrito na linguagem popular com o intuito declarado de provar que esta, com os seus vocábulos e com a sua construção de frases, também pode, ao contrário do que muitos insistiam, ser literária.
Contém o embrião do que virá a ser uma das obras maiores de Vergílio Ferreira, A Manhã Submersa.
Vergílio Ferreira (1916-1996), foi um escritor português, vencedor do Prémio Camões de 1992. O seu período neorrealista, de grande qualidade, tem sido esquecido pelas editoras que se centram mais na sua obra tardia. A adaptação de Vagão J ao cinema seria uma justa homenagem a este extraordinário romance.
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