quarta-feira, 31 de julho de 2024

La Défaite de L’Occident


 

La Défaite de L’Occident por Emmanuel Todd

 

Um livro surpreendente pela lucidez da sua análise sobre as sociedades ocidentais, que nos ajuda a perceber o mergulho do mundo num estado de guerra cada mais violento e prolongado e envolvendo cada vez mais países e regiões em simultâneo.

 

O fim da influência moral da religião, nomeadamente do protestantismo, enquadrado por um tipo de organização familiar individualista levaram nos Estados Unidos à emergência do niilismo, da negação dos valores humanos e da barbárie social. Todd lista os efeitos dessa desagregação moral a começar pela extrema desigualdade, mas incluindo o desprezo pela vida, bem patente na crise dos opiáceos e nos tiroteios frequentes, que baixaram a esperança de vida deste país e aumentaram a mortalidade para níveis absurdos, e na negação da realidade.

 

No plano económico o autor radica o declínio americano na predominância do dólar que permite viver tudo comprando no exterior e nada produzindo internamente. Um parasitismo mundial que deve ser mantido a todo o custo.

 

A ausência de moral extrema-se com o genocídio do povo palestino sob o olhar benevolente e cúmplice dos americanos, fornecendo armas e bombas aos israelitas.

 

Uma interessante teoria prende-se com a origem de vários membros do governo americano ser de judeus ucranianos exterminados pela extrema-direita nacionalista ucraniana aliada no nazismo durante a II Grande Guerra. Todd aventa a possibilidade dos EUA ajudarem a Ucrânia no sentido desta ser destruída pelos russos como forma de vigança pessoal.

 

Emmanuel Todd (n. 1951), académico francês foi dos primeiros a prever o fim do comunismo soviético no seu livro A Queda Final de 1975. Tem uma vasta obra publicada.

domingo, 14 de julho de 2024

Consciência Negra


 

Consciência Negra por Steve Biko

 

Um conjunto de cinco textos criteriosamente escolhidos em que Biko explana as ideias essenciais do Movimento da Consciência Negra. O excelente prefácio de António Tonga oferece um enquadramento histórico e político do movimento.

 

No centro da luta Biko encontra-se a recusa do sistema de apartheid, do racismo e do colonialismo. Biko argumenta que a opressão a que os brancos submeteram os Negros procurou não só submete-los física, politica, económica e socialmente mas também destruir-lhes a identidade, a história, a consciência de si mesmos, destruí-los enquanto seres humanos. “Voltaram-se também para o passado do povo oprimido, e distorceram-no, desfiguraram-no e destruíram-no. A cultura africana deixou de ser uma referência e passou a ser a barbárie…A história da sociedade africana foi reduzida a batalhas tribais e guerras internas”. É necessário então despertar a Consciência Negra.

 

Assim a luta por uma Consciência Negra “tem de ser dirigida para o passado, para procurar reescrever a história do negro e para produzir nela os heróis que constituem o núcleo do passado africano”.

 

Outra particularidade do Movimento da Consciência Negra consistia na necessidade de os Negros por si próprios avançarem na luta sem a tutela dos liberais, democratas ou da esquerda branca. Só depois de transformarem a sociedade poderiam os brancos que assim o desejassem integra-la. Qual o papel dos brancos na luta de libertação? O seu papel seria o de combater no interior da sociedade branca o racismo que esta instituíra.

 

Steve Biko (1946-1977) foi assassinado pelo regime de apartheid sul-africano.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Pequeno Manual Antirracista


 

Pequeno Manual Antirracista de Djamila Ribeiro

 

Nas sociedades ocidentais, como a portuguesa, que são estruturalmente racistas, em que este mal se entranha em todos os níveis da vida, em todas as instituições, empresas e setores, o combate antirracista é uma tarefa quotidiana absolutamente inadiável.

 

Djamila Ribeira oferece-nos um conjunto de pistas e conselhos de bom senso para agirmos na direção certa.

 

O primeiro e mais básico é informarmo-nos sobre o racismo, sobre o que é, qual a sua origem, as suas formas e consequências, o segundo é olharmos para as minorias racializadas quebrando a invisibilidade que as tolhe, aqui chegados havemos de reconhecer os privilégios de que gozam os brancos quando comparados com outros grupos. E muitos outros …

 

Em geral os brancos portugueses não se apercebem dos seus privilégios até os perderem ao serem forçados a emigrar para o Norte ou Centro da Europa onde são tratados como imigrantes e como não-brancos.

 

O leitor poderá ainda encontrar, entre outros capítulos, uma muito útil lista de autores e trabalhos sobre e contra o racismo. Um livro condensado, soberbamente escrito e imprescindível para perceber o racismo e saber lutar contra ele.

 

Djamila Ribeiro (n. 1980), filósofa, autora de importante obra feminista e antirracista.