domingo, 18 de agosto de 2024

Acta Est Fabula – Epilogo – 2015-2017


 

Acta Est Fabula – Epilogo – 2015-2017

por Eugénio Lisboa

 

Último volume das memórias de Eugénio Lisboa e dedicado à doença, tratamento, morte da mulher Maria Antonieta e do longo e infindável luto que se lhe seguiu.

 

Por vezes é melhor começar pelo fim, neste caso pelo derradeiro tomo desta obra memorialista. Aqui se conhece, na sua grandeza frágil, pela perda, pela idade, um intelectual português de quem toda uma ideologia me separava mas com quem, contudo, encontrei muitos pontos de vista comuns sobre tópicos tão afastados como a análise dos méritos da direita e dos seus dirigentes e a opinião sobre certos fenómenos da cena literária portuguesa.

 

Totalmente de acordo com a sua opinião sobre Gonçalo M. Tavares “Raramente tenho visto cérebros tão desfocados como o deste génio de aviário”, “escreve romances alemães com gente alemã. Só há um inconveniente: é que ele é português”, “a maior coleção de idiotices que até hoje se escreveram”. Idem sobre Lídia Jorge e José Rodrigues dos Santos. A este último apelida de “escritor” com aspas significativas e de quem diz “não fica uma frase que valha a pena reter”.

 

Eugénio Lisboa (1930-2024), engenheiro, adido cultural, professor universitário, ensaísta, poeta português. Morreu este ano em Abril, deixa uma vasta obra.

terça-feira, 6 de agosto de 2024

é a ales


 

é a ales por Jon Fosse

 

O tempo que se contorce, que se mistura, que altera a sua ordem, que confronta os vivos com os mortos e estes entre si em memórias vividas, em fantasmas pairando, em personagens atormentadas por mortes e separações.

 

A Velha Casa forte, secular e isolada ergue-se perto do ancoradouro, da sua janela vê-o mar e ao longe o Fiorde, mas em noites de tempestade imaginam-se fogueiras a arder na escuridão, focos de labaredas que atraem os insetos e os seres humanos. Abrigo quente de gerações da mesma família, testemunha de tragédias nas ondas alterosas junto da costa, espaço encantado e triste onde presente, passado e futuro se encontram.  

 

A solidão e o abandono pesam sobre a velha Signe que resiste como última habitante viva da Velha Casa imaginando um reencontro que sabe nunca ocorrerá, perscrutando a escuridão noturna num sebastiânica esperança sempre frustrada.  

 

O barcos a remos, de madeira com cheiro a alcatrão, fonte de sobrevivência, transporte, mas essencialmente de tragédia é um elemento central na vida nestas paragens, elo sempre presente ao longo das gerações.

 

Jon Fosse (n. 1959), escritor norueguês. Vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 2023.

domingo, 4 de agosto de 2024

Economia da Segurança – Contas Públicas e Grandes Opções de Segurança Interna: breves reflexões por José Matos Torres


 

Economia da Segurança – Contas Públicas e Grandes Opções de Segurança Interna: breves reflexões por José Matos Torres

 

Um livro importante na reflexão sobre como garantir, com meios limitados, a segurança interna no nosso país. As regras orçamentais e os tetos de dívida pública, impostas pela União Europeia apresentam-se como um constrangimento importante na equação de segurança.

 

Matos Torres propõe uma série de avenidas para fazer mais com menos recursos, nomeadamente:

- Revisitar o modelo pluralista, várias polícias, PSP, GNR, ASAE, PJ, etc., multitutelado, diferentes polícias respondendo a ministérios distintos, Administração Interna, Justiça e outros, comparando-o com o modelo de polícia única adotado em numerosos países;

- Passar de um modelo de mão-de-obra exclusivo para outro com maior incorporação de tecnologia, nomeadamente drones e câmaras de vigilância, digitalização, informatização;

- Partilha de recursos caros entre diferentes corpos policiais;

- Recurso ao renting para financiamento e gestão da frota de viaturas;

- Imposição de taxa de segurança aos cidadãos;

 

José Matos Torres (n. 1966), superintendente-chefe da PSP, professor do Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna (ISCPSI).