é a ales por Jon Fosse
O tempo que se contorce, que se mistura, que altera a sua ordem, que confronta os vivos com os mortos e estes entre si em memórias vividas, em fantasmas pairando, em personagens atormentadas por mortes e separações.
A Velha Casa forte, secular e isolada ergue-se perto do ancoradouro, da sua janela vê-o mar e ao longe o Fiorde, mas em noites de tempestade imaginam-se fogueiras a arder na escuridão, focos de labaredas que atraem os insetos e os seres humanos. Abrigo quente de gerações da mesma família, testemunha de tragédias nas ondas alterosas junto da costa, espaço encantado e triste onde presente, passado e futuro se encontram.
A solidão e o abandono pesam sobre a velha Signe que resiste como última habitante viva da Velha Casa imaginando um reencontro que sabe nunca ocorrerá, perscrutando a escuridão noturna num sebastiânica esperança sempre frustrada.
O barcos a remos, de madeira com cheiro a alcatrão, fonte de sobrevivência, transporte, mas essencialmente de tragédia é um elemento central na vida nestas paragens, elo sempre presente ao longo das gerações.
Jon Fosse (n. 1959), escritor norueguês. Vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 2023.
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