Estes Portugueses são do piorio de Filipe Pinhal
Um livro com duas partes distintas. Uma segunda parte de grande rigor factual que, corajosamente e sem medo de enfrentar poderes instalados, descreve minuciosa e detalhadamente, dia a dia, como foi urdida uma trama para afastar o Fundador do Banco e os Administradores que o acompanharam na saga de criar e desenvolver uma instituição criada de raiz em Portugal em meados dos anos 80 do século passado e que em 30 anos se afirmou como a única multinacional portuguesa de relevo, com presença em vários continentes e geografias. Um assalto que redundou em milhares de postos de trabalho perdidos, na redução do perímetro geográfico do banco, na necessidade da intervenção estatal, de muitas centenas de milhões de euros, e, mais relevante, na perda da independência estratégica do Banco, acabando dominado por mãos estrangeiras. Um desastre, um crime pelo qual foram escandalosamente condenados não os meliantes mas as vitimas. Uma reposição da Verdade muito oportuna e necessária. Nem sempre a história é a que contam os vencedores. É prudente ouvir os dois lados – vencedores e vencidos. Neste caso, como em muitos, a Verdade e a Justiça estão do lado dos vencidos. Uma Verdade que começa a fazer o seu caminho e a tornar-se cada vez mais evidente graças a textos como o deste livro.
A primeira parte é de menor importância e qualidade. Nela se define o significado de português do piorio. No entanto entra-se em considerações políticas contra o PREC e o PCP que nada tendo a ver com o caso BCP, antes pelo contrário, como o autor acaba por reconhecer que até apoiaram a expansão do Banco, restringe o leque daqueles que podem ler desapaixonadamente a segunda parte que é aquela que verdadeiramente interessa. Se esta primeira parte fosse menos ideológica o texto resultaria mais inclusivo e a reposição da Verdade mais fácil.
Um livro indispensável para se conhecer e perceber o que se passou naquele verão quente de 2007. E para identificar os portugueses do piorio que o protagonizaram. Para que não passem impunes.
Filipe Pinhal (n. 1946), economista, com uma longa carreira na Banca, foi Administrador do Banco Comercial Português e Presidente da Comissão Executiva do Banco.
Ainda não tenho o livro, mas os seus comentários despertaram em mim a curiosidade e o desejo de o comprar. Obrigada Jorge.
ResponderEliminar