terça-feira, 26 de agosto de 2025

O Crocodilo

                                                       O Crocodilo por Fiódor Dostoiévski

 Um funcionário público é engolido vivo e inteiro por um crocodilo quando, acompanhado pela mulher e um amigo, visitava uma exibição, organizada por um alemão e a sua mulher, de animais pouco conhecidos na Rússia. Descobre, então, que no interior do crocodilo, pode continuar a viver confortavelmente, a pensar e a produzir uma obra intelectual. Mas o que pensam os amigos? E a mulher? O que escrevem os jornais? Que pensa a sociedade deste estranho acontecimento?

 O ambiente surreal, as personagens cómicas mas realistas, o tom leve e bem-humorado, os diálogos concisos e diretos, tornam este longo conto uma leitura muito agradável.

Apesar da refutação de Dostoiévski muitos viram neste texto claras referências à situação de Chernyshevsky, o fundador do populismo russo, que escreveu as suas principais obras quando se encontrava preso no interior do sistema prisional russo no tenebroso tempo do czarismo.

Fiódor Dostoiévski (1821- 1881), foi um dos maiores escritores russos do século XIX. Obras como O Irmãos Karamazov, Crime e Castigo, O Jogador, O Idiota, Gente Pobre, figuram na galeria imortal da Literatura mundial. O crocodilo foi publicado em 1865 já depois da sua conversão ao cristianismo ortodoxo.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Kallocaína


 

Kallocaína de Karin Boye

 

Quem diria que o célebre livro “1984” de Geoge Orwell, obra apresentada como uma distopia anticomunista, é apenas um plágio deste livro de Karin Boye, publicado uma década antes e, no seguimento da estada da autora, de fortes convicções de esquerda, na Alemanha nazi. Como a propaganda antissoviética do pós-guerra conseguiu transformar uma denúncia do nazismo numa absurda diatribe contra a URSS. Hoje, a ideologia e censura dominante, impede qualquer crítica ao nazismo sem, do mesmo passo, repetir a mentira que é igual ao comunismo.

 

No livro a trama, que nos envolve e prende da primeira à última página, decorre em torno de um químico, habitante de um Estado militarizado, que descobre o soro da verdade, a kallocaína. O culto da guerra, todos são soldados, da obediência cega, do ódio ao inimigo, a omnipresença do Estado militar que se pretende Mundial, a animalização dos nacionais de outros países, o isolamento e o medo dos indivíduos, tudo são traços do nazi-fascismo que também tivemos por cá.

 

Um livro excecional de leitura compulsiva. Uma obra-prima.

 

Karin Boye (1900-1941), sueca, escritora e poetisa, pertenceu a organizações de esquerda. Suicidou-se em 1941.

domingo, 10 de agosto de 2025

A Guerra dos Metais Raros


 

A Guerra dos Metais Raros por Guillaume Pitron

 

Duas componentes da revolução tecnológica em curso, a massificação das energias ditas verdes e a digitalização, consomem enormes quantidades de terras raras. Mas, como disse alguém, “as terras raras não são terras nem são raras”. De facto as denominadas terras raras são metais e encontram-se espalhados por todo o mundo. A questão é a sua mineração e refinação. Em muitos casos é necessário processar toneladas de pedra para obter alguns gramas destes metais.

 

A mineração é ambientalmente agressiva, exigindo a remoção de enormes quantidades de pedra e a refinação é prejudicial utilizando grandes volumes de água misturada com químicos perigosos. Esta água poluída destrói o meio ambiente e contamina os veios freáticos. Em torno das minas /estações de refinação as terras tornam-se desertos em que nada cresce e as povoações transformam-se em “aldeias do cancro”.

 

E, depois, existe ainda todo um entorno geopolítico pelo controlo destes metais, cada vez mais preciosos, o petróleo das energias renováveis e da digitalização. Quem vencerá esta guerra?

 

Guillaume Pitron, jornalista francês especializado em investigação económica deixa-nos aqui uma obra toldada pelo viés ideológico e pela superficialidade.