sexta-feira, 27 de março de 2009

O Parque de Mansfield




O Parque de Mansfield é um livro muito interessante quer pelo que revela de uma época, finais do século XVIII princípios do século XIX, com a sua minúcia e precisão descritiva dos costumes e utensílios da vida quotidiana e um autentico manual educativo, formativo para as raparigas de sociedade na Inglaterra do seu tempo. Se a segunda característica lhe assegurou sucesso em vida, a primeira transforma-o num clássico de leitura obrigatória.

O livro desenrola-se por quadros, ricamente descritos, que nos dão uma imagem colorida em tons de aguarela, feminina e singela, quase infantil, dos cenários e que servem para a partir de situações quase insignificantes, saltar um muro, receber um presente, escolher o lugar numa carruagem, ler em voz alta e outras reflectir sobre o caracter e os princípios morais dos intervenientes e deles extrair lições sobre a conduta correcta, a incorrecta e a leviana.

Não deixa de ser repulsivo a forma crua como o casamento é encarado como um contracto económico destinado acima de tudo a providenciar ao casal um conforto material. A afeição e o ajuste de temperamentos surgem como elementos também relevantes mas claramente secundários na escolha dos cônjuges. Mesmo na sua época havia muita gente já que assim não pensava.

As pessoas são sem dúvida descritas pelo seu caracter, pelas suas maneiras, pela sua apresentação física, mas estas, em geral, reflectem uma outra informação, mais relevante, que sobre elas sempre é dada – o valor do seu rendimento anual em libras.

Sintomática é a dicotomia cidade – campo presente na narrativa, em que o mundo rural surge como sinónimo de quietude e virtude e a cidade como repositório do perigo e do vício.

Por não ter encontrado imagem da capa do livro da colecção dos Clássicos da Europa-America que li opto por colocar a imagem de um retracto da autora.

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