domingo, 22 de janeiro de 2012

Tonio Kröger



Tonio Kröger de Thomas Mann

A condição do escritor, aspirando à Vida pura, prática, saudável, ingénua e espontânea do burguês comum, mas irremediavelmente contaminado pela Arte que, com o seu pensamento estético e reflexo, tudo estraga e conspurca. O artista carrega a maldição de amar um tipo de vida que lhe está vedada, na medida em que a consciência destrói a indispensável candura inerente à vida comum. Ao artista resta-lhe observar o bailado da existência humana de fora, tal espião ou intruso indesejado, profundamente angustiado e infeliz por nele não poder participar.

Esta pequena novela acaba, também, por ser uma chave indispensável para a compreensão de outra obra do autor “Os Buddenbrooks”. Nos dois livros a mesma contradição entre a Vida e a Arte. Mas o que ali é ténue, entrevisto, esbatido, repartido entre vários personagens e gerações é aqui claro e explícito, concentrado num único personagem que tem plena consciência do seu drama e a ele se entrega.

Sem comentários:

Enviar um comentário