quarta-feira, 20 de março de 2013

Os Filhos da Meia-Noite

Os Filhos da Meia-Noite de Salman Rushdie


Este livro é um tesouro.

Cada ser humano é fruto de uma confluência fantástica de acontecimentos acasos, imprevistos e de múltiplas, contraditórias mas inescapáveis influências familiares, culturais, politicas. Cada um de nós carrega à nascença uma pesada e longa herança que nos marca e de que não nos podemos libertar. Face aos acontecimentos externos respondemos com o que apreendemos dos que nos antecederam e nos rodeiam. Presa no acaso e na história a margem de autodeterminação do individuo é mínima se não mesmo inexistente. Somos levados na corrente da vida como simples troncos num rio revolto e inconsciente. Mas podemos apesar de tudo encontrar a serenidade e a felicidade.

A Índia com as suas cores exóticas e cheiros singulares, e Saleem tem um nariz especial e um olfacto apurado, a Índia com as suas múltiplas línguas, com as suas muitas religiões e fervilhando no caldo das ideologias políticas, a Índia com a sua história milenar, com a sua luta pela independência, com a sua partição em três estados, com a sua violência, a sua pobreza, a sua opulência, a Índia com as suas virtude e defeitos é um mosaico perfeito, o palco ideal para ilustrar como tudo nos toca, nos molda, nos constrói.

O livro filia-se no realismo mágico e nos estudos pós-coloniais mas fá-lo de forma arrojada e irreverente criando novas palavras em inglês, misturando no texto muitas expressões de outras línguas e envolvendo o leitor e tornando-o participante na trama fabulosa da vida de Saleem.

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