sexta-feira, 1 de março de 2013

Terna é a noite

Terna é a Noite por F, Scott Fitzgerald

Uma herança lança os Divers, um casal apaixonado, em trajetórias divergentes que os acaba por afastar. Nicole, inicialmente fragilizada e doente, fortalece-se, liberta-se e encontra o seu caminho junto de um homem que um dia por ela se bateu em duelo. Dick, um psiquiatra afamado, pelo contrário entra num plano inclinado, negligenciando o trabalho, afastando os amigos, refugiando-se no álcool, brigando com taxistas, entrando em depressão, sem retorno.


Escrito e publicado em plena Grande Depressão o livro foca-se no drama humano de uma família americana rica que vive na Europa, entre a Riviera francesa e a Suíça. A desgraça de Dick, com todo o sofrimento psicológico profundo que toda a desagregação implica, passa completamente ao lado do muito mais intenso drama social e humano que se vivia então e que desaguou na guerra mundial de 1939-1945.

A imagem que transmite destes anos, de dissipação, festas e viagens está muito longe do quotidiano vivido então pela generalidade das pessoas, mesmo as das classes superiores, num tempo em que emergiram as grandes ditaduras de Hitler, Mussolini, Salazar, em que o desemprego era galopante e a fome e a miséria atingia largas camadas da população. Nada desta realidade próxima chega aos Divers mais preocupados com a próxima festa, nem perpassa pela pena de Fitzgerald ele próprio absorvido então com a doença mental da mulher.

Uma ilustração de como a vida num pequeno círculo de privilegiados pode cegar para o que se passa no mundo e na sociedade e pode, confinando a realidade a uma parcela demasiado estreita, levar à desagregação psicológica das mentes mais promissoras. 

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