quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Os cadernos secretos do Prior do Crato

Os cadernos secretos do Prior do Crato 
por Urbano Tavares Rodrigues

O prior do Crato é um Rei esquecido. Talvez porque o seu reinado foi curto e atribulado. Talvez porque embora legitimo nunca conseguiu estender o seu reinado a todo o território. Talvez por ter sido derrotado por Filipe II que acabou por a impor o domínio espanhol em Portugal.

Mas também porque a legitimidade de Filipe II só pode encontrar alguma sustentação no caso de se apresenta como sucessor do Cardeal D. Henrique e nunca poder ser justificada como sucedendo a D. António I.

Este romance assume uma linguagem contemporânea para contar, na primeira pessoa, a vida do Prior do Crato. Confesso que esta opção consciente e explicada pelo autor no posfácio, me desagrada pelo constante sabor a anacronismo que introduz.

A imagem de um humilde, pacato e pobre prior mulherengo atirado pelas circunstâncias para um papel histórico central não cola com a sua função de superior da Ordem dos Hospitalários, uma ordem militar terratenente, rica e poderosa no Portugal de então nem com o seu estatuto de filho do infante D. Luís, também ele Prior do Crato, e neto do Rei D. Manuel I.

A forma diarística introspectiva é uma solução engenhosa para explanar temas existenciais da vida do Prior do Crato como a permanente tensão entre a sexualidade e a religiosidade, os remorsos dos casos amorosos passados e a reflexão sobre a sua luta pelo trono e finalmente, já no exílio francês, a desilusão e a consciência de ter perdido.

Um livro bem apoiado numa séria investigação histórica.

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